Revolução Inglesa /
Texto 01
A Revolução
Inglesa, ocorrida no século XVII, foi um dos principais
acontecimentos da Idade Moderna. Foi considerada a primeira das grandes revoluções burguesas,
isto é, as revoluções encabeçadas por lideranças da burguesia europeia, que
havia se tornado expressivamente forte, do ponto de vista econômico, ao longo
dos séculos XVI e XVII, e que precisava alcançar legitimidade política.
Com o processo da revolução, a burguesia da Inglaterra,
por meio de uma guerra civil e da atuação do Parlamento, conseguiu combater o Estado absolutista desse país e reformular a estrutura política, que
culminaria na modelo da Monarquia
Parlamentarista em 1688.
Podemos dividir o processo histórico da
Revolução Inglesa em quatro fases principais:
1) Revolução Puritana e a Guerra Civil;
2) República de Oliver Cromwell;
3) Restauração da dinastia dos Stuart;
4) Revolução Gloriosa.
Antecedentes
históricos da Revolução Inglesa
Durante grande parte do século XVI, a
burguesia inglesa esteve bem articulada com os nobres e os reis pertencentes à dinastia Tudor (Henrique
VIII e sua filha Elizabeth), que consolidaram a Reforma Anglicana. A reforma religiosa de Henrique VIII
proporcionou grandes benefícios financeiros tanto para nobres quanto para
burgueses da Inglaterra. Isso porque teve início o processo de conversão das
antigas terras feudais, de domínio da Igreja Católica, em propriedades
privadas, o que possibilitou a formação
dos cercamentos e dos arrendamentos que foram vendidos aos burgueses
que pretendiam explorar minas de carvão ou praticar alguma atividade agrícola.
Além disso, a ruptura com a Igreja Católica
(que não era apenas uma instituição com poder espiritual, mas detentora de um
poder político continental, ao qual boa parte das Coroas europeias estava
ligada) dispensou a Inglaterra de pagar tributos para Roma, bem como colocou a
marinha inglesa em flagrante rivalidade com os navios dos países católicos,
sobretudo com os espanhóis. Muitos piratas
ingleses, conhecidos como “lobos do mar”, atacavam navios
espanhóis e levavam sua mercadoria (na maior parte das vezes, metais preciosos)
para Inglaterra, o que contribuía para o aquecimento do mercado interno do
país.
Como se vê, as principais ações
políticas dos Tudor acabaram proporcionando uma grande ascensão da burguesia, de modo que
no fim do século, na década de 1590, os burgueses já tinham grande força
representativa na chamada Câmara
dos Comuns (uma das câmaras do Parlamento Inglês, que tinha
como oposição a Câmara dos
Lordes, isto é, dos nobres apoiadores da Coroa). O problema é
que essa força adquirida pela burguesia estava associada ao puritanismo (o calvinismo inglês), que
era a religião que mais atraía a burguesia e que dava suporte ideológico para o
radicalismo político antiabsolutista.
Somou-se a isso o fato de que os nobres
e a Coroa viam-se ameaçados pela capacidade da burguesia puritana de acumular
riquezas. Enquanto a renda da burguesia era oriunda do trabalho e de
investimentos financeiros, a renda dos nobres advinha de privilégios
hereditários, da cobrança de impostos e da formação de monopólios estatais ao
modo mercantilista. Os monarcas que sucederam os Tudor, isto é, os Stuart, perceberam que,
se não freassem a burguesia no campo político, a estrutura monárquica estaria
fadada à ruína.
O primeiro monarca da dinastia Stuart
foi Jaime I,
que governou de 1603 a 1625. Para tentar adequar a Coroa à nova realidade
financeira da Inglaterra e controlar a ascensão da burguesia, Jaime I passou a
tomar duas medidas principais: 1) aumento
de impostos e estabelecimento de empréstimos forçados; e 2) a formação de monopólios estatais
como forma de participação nos rendimentos dos negócios burgueses. Além disso,
Jaime deflagrou uma perseguição religiosa aos puritanos. Confrontado pela
Câmara dos Comuns, dissolveu o Parlamento, que ficou inativo de 1614 a 1622.
Com a ascensão de Carlos I, filho de
Jaime, ao trono, em 1625, houve uma nova tentativa de acordo entre a Coroa e o
Parlamento para que houvesse um novo aumento de impostos. A Câmara dos Lordes
ficou a favor do rei, mas a Câmara dos Comuns novamente o confrontou. O rei decidiu então dissolver novamente o
Parlamento, que ficou inativo até 1640. Em 1640, Carlos I
entrou em um novo conflito contra a Escócia e precisou novamente do tributo dos
burgueses para bancar a guerra, convocando, assim, mais uma vez, o Parlamento.
Novamente a Câmara dos Comuns recusou-se a ajudá-lo. Mas ao contrário do que
ocorrera antes, os burgueses puritanos prepararam-se para um enfrentamento
total contra o rei e a nobreza.
Revolução
Puritana
e Guerra Civil (1640-1649)
A guerra civil entre a burguesia
puritana e a Coroa ficou mais intensa quando, em 1642, Oliver Cromwell convocou
a base da pequena burguesia e de camponeses para formar o Novo Exército Modelo (New Model Army).
Nessa base, destacaram-se os Diggers e Levellers, que se
caracterizaram por sua radicalidade política em assuntos como reforma agrária
(Diggers) e igualdade de diretos entre todos os cidadãos (Levellers). Com o
Novo Exército Modelo, Cromwell conseguiu esmagar as forças da Coroa. Em 1649, a
ala radical burguesa exigiu a
decapitação de Carlos I, que ocorreu no dia 31 de janeiro. Para
saber mais sobre esse momento de disputas políticas, leia: Guerra Civil Inglesa.
“República”
de Oliver Cromwell (1649-1658)
Em 19 de maio de 1649 foi proclamada a
República, e Cromwell recebeu do Parlamento o título de Lord Protector (Lorde
Protetor da República). Muitas transformações políticas operadas por Cromwell
beneficiaram a burguesia que foi por ele liderada na Guerra Civil. Uma dessas
transformações foi possibilitada pelos chamados Atos de Navegação, aprovados em 1650, que
restringiam o transporte de produtos ingleses apenas aos navios da própria
Inglaterra.
No entanto, a exemplo dos monarcas
autoritários que havia combatido, Cromwell
acabou por se voltar contra o Parlamento. Em 1653, ele o
dissolveu com o auxílio do Exército burguês e instituiu uma ditadura aberta,
que teve como característica principal a execução das lideranças que o ajudaram
a formar esse mesmo Exército, isto é, os Diggers
e Levellers, como
diz o historiador Christopher Hill, em sua obra A Revolução Puritana de 1640:
“A história da revolução inglesa de 1649
a 1660 pode ser contada em poucas palavras. O fuzilamento por Cromwell dos
Levellers, em Burford, tornou absolutamente inevitável a restauração da
monarquia e dos senhores, pois a ruptura entre a grande burguesia e a pequena
nobreza, por um lado, e as forças populares, por outro, significava que o seu
governo só poderia ser mantido por um exército (o que, a longo prazo, provou
ser extraordinariamente dispendioso e de difícil controle) ou por um
compromisso com os representantes da velha ordem que restavam.”|1|
Um tempo mais tarde, em 1657, Cromwell
propôs um novo acordo com os parlamentares e reabilitou o Parlamento inglês.
Todavia, antes que esse acordo pudesse vigorar, Cromwell faleceu (1658). Em seu
lugar, assumiu seu filho, Richard
Cromwell, que não tinha o mesmo prestígio que o pai, sobretudo
frente às classes mais radicais da burguesia. Temendo um levante popular e uma
nova guerra civil, o Parlamento fez uma manobra arriscada: convocou Carlos II, filho do rei
decapitado, para assumir o trono e restaurar
a dinastia dos Stuart.
Restauração
da dinastia Stuart (1660-1688)
Em 1660, Carlos II assumiu o trono prometendo
respeitar os interesses do Parlamento. Mas logo começou a se articular com
antigas lideranças da nobreza para restaurar o absolutismo, aproximando-se da França de
Luís XIV.
Entretanto, a realidade social já era bem diferente de quando seu pai havia
reinado e, não conseguindo uma nova composição tradicional, Carlos II iniciou
uma ampla perseguição
religiosa contra os calvinistas.
Essa perseguição tinha como pano de
fundo também a aproximação de Carlos II de membros da Igreja Católica. Apesar
de anglicanos, os Stuart mantinham boas relações com os membros do clero, os quais ainda possuíam grande
influência social, além de posse de terras.
O Parlamento, composto por maioria
puritana, ao repudiar as ações de Carlos II, viu-se novamente vítima do
autoritarismo: o monarca dissolveu-o em 1681 e governou sozinho até a sua
morte, em 1685. Seu irmão, Jaime
II, assumiu o torno, reativou o Parlamento, mas procurou dar
seguimento às ações de Carlos II, no que se refere à restauração do absolutismo.
No entanto, Jaime II foi mais além, convertendo-se ao catolicismo e decretando
uma série de medidas que beneficiavam os católicos, como a isenção de impostos.
Novamente, a reação do Parlamento foi imediata. Temendo que Jaime reivindicasse
apoio da França, os membros do Parlamento trataram de organizar uma manobra
política que evitasse um possível conflito armado.
Revolução
Gloriosa e a fundação da Monarquia Parlamentarista
A manobra consistiu na convocação da
filha de Jaime II, Maria
II, à época casada com Guilherme
de Orange, governador dos Países Baixos, para assumir com o
marido o trono da Inglaterra. Guilherme de Orange, inicialmente, não viu com
bons olhos o plano, imaginando que sua esposa, como herdeira legítima, teria
mais poderes que ele. Contudo, mesmo assim, ainda em 1688, Guilherme invadiu a
Inglaterra com seu exército para depor Jaime II e apoiar o Parlamento.
A Cavalaria da nobreza, que também estava
descontente com o rei, em vez de defendê-lo, aliou-se a Guilherme. A Jaime II,
já sem defesa alguma, Guilherme de Orange permitiu a fuga para a França, onde o
monarca permaneceu exilado até o último dia de vida.
Guilherme de Orange assumiu o trono inglês
como Guilherme III.
Por sua ação militar não ter resultado em guerra e derramamento de sangue, ela
recebeu o nome de Revolução
Gloriosa. O Parlamento, contudo, estabeleceu diretrizes novas
para Guilherme e Maria antes de coroá-los. Ambos os reis tiveram que se
comprometer a cumprir a chamada Declaração
de Direitos de 1689 (Bill Of Rights). A Declaração de Direitos
limitava a ação dos reis, de modo a impedir qualquer retorno do absolutismo. Os
reis passaram a ter o poder restrito, e o poder de decisão política
concentrou-se no Parlamento, formando-se, assim, uma Monarquia Parlamentarista.
Revolução Industrial /
Texto 02
A Revolução
Industrial teve início de maneira pioneira na Inglaterra, no século XVIII, e
causou grandes transformações nas relações de trabalho e no sistema de
produção.
A Revolução
Industrial foi o período de grande desenvolvimento tecnológico
que teve início na Inglaterra a partir da segunda metade do século XVIII e que
se espalhou pelo mundo causando grandes transformações. A Revolução Industrial
garantiu o surgimento da indústria e consolidou o processo de formação do capitalismo.
O nascimento da indústria causou grandes
transformações na economia mundial, assim como no estilo de vida da humanidade,
uma vez que acelerou a produção de mercadorias e a exploração dos recursos da
natureza. Além disso, a Revolução Industrial foi responsável por grandes
transformações no processo
produtivo
e nas relações
de trabalho.
A Revolução Industrial foi iniciada de
maneira pioneira na Inglaterra, a partir da segunda metade do século XVIII, e
atribui-se esse pioneirismo à Inglaterra pelo fato de que foi lá que surgiu a primeira máquina a vapor,
em 1698, construída por Thomas Newcomen e aperfeiçoada por James Watt, em 1765.
O historiador Eric Hobsbawm, inclusive, acredita que a Revolução Industrial só
foi iniciada de fato na década de 1780|1|.
O avanço tecnológico característico da
Revolução Industrial permitiu um grande desenvolvimento de maquinário voltado
para a produção têxtil, isto é, de roupas. Com isso, uma série de máquinas,
como a “spinning Jenny”, “spinning frame”, “water frame” e a “spinning mule”, foram criadas para
tecer fios. Com essas máquinas, era possível tecer uma quantidade de fios que
manualmente seria necessária a utilização de várias pessoas.
Posteriormente, no começo do século XIX,
o desenvolvimento tecnológico foi utilizado na criação da locomotiva e das estradas de ferro que, a partir da
década de 1830, foram construídas por toda a Inglaterra. A construção das
estradas de ferro contribuiu para ampliar o crescimento industrial, uma vez que
diminuiu as distâncias ao tornar as viagens mais curtas e ampliou a capacidade
de locomoção de mercadorias.
O desenvolvimento das estradas de ferro
foi algo que aproveitou da prosperidade da indústria inglesa, uma vez que os
financiadores de sua construção foram exatamente os capitalistas que
prosperaram na Revolução Industrial.
Isso porque a indústria inglesa não conseguia absorver todo o excedente de
capital, fazendo com que os investimentos nas estradas de ferro acontecessem.
O
trabalhador na Revolução Industrial
A Revolução Industrial também gerou
grandes transformações no modo de produção de mercadorias. Antes do surgimento
da indústria, a produção acontecia pelo modo
de produção manufatureiro,
isto é, um modo de produção manual que utilizava a capacidade artesanal daquele
que produzia. Assim, a manufatura foi substituída pela maquinofatura.
Com a maquinofatura não era mais
necessária a utilização de vários trabalhadores especializados para produzir
uma mercadoria, pois uma pessoa manuseando as máquinas conseguiria fazer todo o
processo sozinha. Com isso, o salário
do trabalhador despencou,
uma vez que não eram mais necessários funcionários com habilidades manuais.
Isso é evidenciado pela estatística
trazida por Eric Hobsbawm que mostra como o salário do trabalhador inglês caiu
com o surgimento da indústria. O exemplo levantado foi Bolton, cidade no oeste
da Inglaterra. Lá, em 1795, um artesão ganhava 33 shillings, mas em 1815, o
valor pago havia caído para 14 shillings e, entre 1829 e 1834, esse salário
havia despencado para quase 6 shillings|2|.
Percebemos aqui uma queda brusca no salário e esse processo deu-se em toda a
Inglaterra.
Além do baixo salário, os trabalhadores eram
obrigados a lidar com uma carga
de trabalho extenuante.
Nas indústrias inglesas do período da Revolução Industrial, a jornada diária de trabalho
costumava ser de até 16
horas com
apenas 30 minutos de pausa para o almoço. Os trabalhadores que não aguentassem
a jornada eram sumariamente substituídos por outros.
Não havia nenhum tipo de segurança para
os trabalhadores e constantemente acidentes aconteciam. O acidente mais comum
era quando os trabalhadores tinham seus dedos presos na máquina e muitos os
perdiam. Os trabalhadores que se afastavam por problemas de saúde poderiam ser
demitidos e não recebiam seu salário. Só eram pagos os funcionários que
trabalhavam efetivamente.
Essa situação degradante fez com que os
trabalhadores mobilizassem-se pouco a pouco contra seus patrões. Isso levou à
criação das organizações
de trabalhadores (mais conhecidas no Brasil como sindicatos) e chamadas
na Inglaterra de trade
union. Os trabalhadores
exigiam melhorias salariais e redução na jornada de trabalho.
Representação de uma revolta de trabalhadores do século XIX.
Dois grandes movimentos de trabalhadores
surgiram dessas organizações foram o ludismo e o cartismo. O ludismo teve atuação destacada no período
entre 1811 e1816 e sua estratégia consistia em invadir as fábricas e destruir
as máquinas. Isso acontecia porque os adeptos do ludismo afirmavam que as
máquinas estavam roubando os empregos dos homens e, portanto, deveriam ser
destruídas.
O movimento cartista, por sua vez,
surgiu na década de 1830 e lutava por direitos trabalhistas e políticos para a
classe de trabalhadores da Inglaterra. Uma das principais exigências dos
cartistas era o sufrágio universal masculino, isto é, o direito de que todos os
homens pudessem votar. Os cartistas também exigiam que sua classe tivesse
representatividade no Parlamento inglês.
A mobilização de trabalhadores resultou
em algumas melhorias ao longo do século XIX. A pressão exercida pelos
trabalhadores dava-se, principalmente, por meio de greve. Uma das melhorias
mais sensíveis conquistadas pelos trabalhadores foi a redução da jornada de trabalho para 10
horas diárias, por exemplo.
A mobilização de trabalhadores enquanto
classe, isto é, pobres (proletários), não foi um fenômeno que surgiu
especificamente por causa da Revolução Industrial. Nas palavras de Eric
Hobsbawm, o enfrentamento dos patrões pelos trabalhadores aconteceu, porque a Revolução Francesa deu-lhes confiança para isso,
enquanto que “a Revolução Industrial trouxe a necessidade de mobilização
permanente”|3|.
Por
que a Revolução Industrial aconteceu primeiro na Inglaterra?
A Revolução Industrial despontou
pioneiramente, na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra e
gradativamente foi espalhando-se pela Europa e, em seguida para todo o mundo.
Mas por que necessariamente isso ocorreu na Inglaterra? A resposta para isso é encontrada um pouco no acaso e um
pouco na própria história inglesa.
Primeiramente, é importante estabelecer
que o desenvolvimento tecnológico e industrial na Inglaterra foi possível,
porque a burguesia estabeleceu-se como classe e garantiu o desenvolvimento da
economia inglesa na direção do capitalismo. Isso aconteceu no século XVII, com
a Revolução Gloriosa.
A Revolução Gloriosa aconteceu em 1688 e
consolidou o fim da monarquia absolutista na Inglaterra (que já vinha enfraquecida desde a Revolução Puritana na década de 1640). Com isso, a
Inglaterra transformou-se em uma monarquia
constitucional
parlamentarista,
na qual o poder do rei não estava acima do Parlamento e nem da Constituição, no
caso da Inglaterra da Declaração
de Direitos – Bill
of Rights.
Assim, a burguesia conseguiu
consolidar-se enquanto classe e governar de maneira a atender aos seus
interesses econômicos. Um acontecimento fundamental para o desenvolvimento do
comércio inglês deu-se no meio das duas revoluções do século XVII, citadas
acima. Em 1651, Oliver Cromwell decretou os Atos de
Navegação,
lei que decretava que mercadorias compradas ou vendidas pela Inglaterra somente
seriam transportadas por embarcações inglesas.
Essa lei foi fundamental, pois protegeu
o comércio, enfraqueceu a concorrência dos ingleses e garantiu que os navios
ingleses controlassem as rotas comerciais marítimas. Isso enriqueceu a
burguesia inglesa e permitiu-lhes acumular capital. Esse capital foi utilizado
no desenvolvimento de máquinas e na instalação das indústrias.
Mas não bastava somente excedente de
capital para garantir o desenvolvimento industrial. Eram necessários
trabalhadores, e a Inglaterra do século XVIII tinha mão de obra excedente. Isso
está relacionado com os cercamentos que aconteciam na Inglaterra e que se
intensificaram a partir do século XVII.
Os cercamentos aconteciam por força da Lei dos Cercamentos (Enclosure Acts), lei inglesa que
permitia que as terras comuns fossem cercadas e transformadas em pasto. As
terras comuns eram parte do sistema feudal que estipulava determinadas áreas
para serem ocupadas e cultivadas pelos camponeses.
Com os cercamentos, os camponeses que
habitavam essas terras foram expulsos e as terras foram transformadas em pasto
para a criação de ovelhas. A criação de ovelhas era o que fornecia a lã
utilizada em larga escala na produção têxtil do país. Os camponeses expulsos de
suas terras e sem ter para onde ir mudaram-se para as grandes cidades.
Sem nenhum tipo de qualificação, esses
camponeses viram-se obrigados a trabalhar nos únicos locais que forneciam
empregos – as indústrias. Assim, as indústrias que se desenvolviam na
Inglaterra tinham mão de obra excedente. Isso garantia aos patrões poder de
barganha, pois poderiam forçar os trabalhadores a aceitarem salários de fome
por uma jornada diária exaustiva.
A adesão dos trabalhadores às indústrias
ocorreu de maneira massiva também por uma lei inglesa que proibia as pessoas de
“vadiagem”. Assim, pessoas que foram pegas vagando pelas ruas sem emprego
poderiam ser punidas com castigos físicos e até mesmo com a morte, caso fossem
reincidentes.
Por último, destaca-se que o acaso e o
fortuito também contribuíram para que a Inglaterra despontasse pioneiramente. O
desenvolvimento das máquinas e das indústrias apenas ocorreu, porque a
Inglaterra tinha grandes reservas dos dois materiais essenciais para isso: o carvão e o ferro. Com reservas de
carvão e ferro abundantes, a Inglaterra pôde desenvolver sua indústria
desenfreadamente.
Fases
da Revolução Industrial
A Revolução Industrial corresponde às modificações econômicas e tecnológicas que
consolidaram o sistema
capitalista
e permitiram o surgimento de novas formas de organização da sociedade. As
transformações tecnológicas, econômicas e sociais vividas na Europa Ocidental,
inicialmente limitadas à Inglaterra, em meados do século XVIII, tiveram
diversos desdobramentos, os quais podemos chamar de fases. Essas fases
correspondem ao processo
evolutivo
das tecnologias desenvolvidas e as consequentes mudanças socioeconômicas.
→ Primeira Revolução Industrial
Uma das principais invenções da Primeira Revolução Industrial foi a locomotiva a vapor.
A Primeira Revolução Industrial refere-se ao processo de evolução
tecnológica vivido a partir do século XVIII na Europa Ocidental, entre 1760 e
1850, estabelecendo uma nova
relação
entre a sociedade
e o meio,
bem como possibilitou a existência de novas formas de produção que transformaram
o setor industrial, dando início
a um novo padrão de consumo.
Essa fase é marcada especialmente pela substituição da energia produzida pelo
homem por energias como a vapor, eólica e hidráulica; a substituição da produção artesanal
(manufatura) pela indústria (maquinofatura) e também pela
existência de novas relações de trabalho.
As principais invenções dessa fase que
modificaram todo o cenário vivido na época foram: a utilização do carvão como fonte de
energia; o consequente desenvolvimento da máquina a vapor e da locomotiva. Nessa fase
foi, também, desenvolvido o telégrafo,
um dos primeiros meios de comunicação quase instantânea.
A produção modificou-se, diminuindo o tempo e aumentando a
produtividade; as invenções possibilitaram o melhor escoamento
de matérias-primas, bem como de consumidores e também favoreceram a
distribuição dos bens produzidos.
→ Segunda Revolução Industrial
O
petróleo passou a ser utilizado na Segunda Revolução Industrial como fonte de
energia para o motor à combustão.
A Segunda Revolução Industrial refere-se ao período entre a segunda metade do século XIX até meados
do século XX, tendo seu fim durante a Segunda Guerra Mundial. A industrialização avançou os limites
geográficos da Europa Ocidental, espalhando-se por países como Estados Unidos,
Japão e demais países da Europa.
Compreende à fase de avanços
tecnológicos ainda maiores que os vivenciados na primeira fase, bem como o aperfeiçoamento de tecnologias
já existentes. O mundo pôde vivenciar diversas novas criações que aumentaram
ainda mais a produtividade e consequentemente aumentaram os lucros das indústrias.
Houve nesse período, também, grande incentivo às pesquisas, especialmente
no campo da medicina.
As principais invenções dessa fase estão
associadas ao uso do petróleo como fonte de energia, utilizado na nova invenção, o motor à combustão. A eletricidade que antes
era utilizada apenas para desenvolvimento de pesquisas em laboratórios, nesse
período, começa a ser usada para o funcionamento de motores, com destaque para
os motores elétricos e à
explosão. O ferro que antes era largamente utilizado, passou a
ser substituído pelo aço.
→ Terceira Revolução Industrial
A
Terceira Revolução Industrial ficou conhecida como Revolução Tecnocientífica,
especialmente pelo desenvolvimento da robótica.
A Terceira Revolução Industrial também conhecida como Revolução Tecnocientífica,
iniciou-se na metade do século XX, após a Segunda Guerra Mundial. Essa fase
representa uma revolução não só no setor industrial, visto que passou a
relacionar não só o desenvolvimento tecnológico voltado ao processo produtivo,
mas também ao avanço
científico, deixando de limitar-se a apenas alguns países e espalhando-se
por todo o mundo.
As transformações possibilitadas pelos
avanços tecnocientíficos são vivenciadas até os dias atuais, sendo que cada
nova descoberta representa um novo patamar alcançado dentro dessa fase da
revolução, consolidando o que ficou conhecido como Capitalismo Financeiro. A introdução
da biotecnologia, robótica,
avanços na área da genética,
telecomunicações,
eletrônica, transporte, entre outras áreas, transformaram não só a produção,
como também as relações sociais, o modo de vida da sociedade e o espaço
geográfico.
Todo esse desenvolvimento
proporcionado pelos avanços obtidas nas diversas áreas científicas
relacionam-se ao que chamamos de globalização: tudo converge para a diminuição do tempo e das distâncias, ligando
pessoas, lugares, transmitindo informações instantaneamente, superando, então,
os desafios e obstáculos que permeiam a localização geográfica, as diferenças
culturais, físicas e sociais.
Consequências
De um modo geral, a Revolução Industrial
transformou não só o setor econômico e industrial, como também as relações
sociais, as relações entre
o homem e a natureza, provocando alterações no modo de vida das
pessoas, nos padrões de
consumo e no meio ambiente. Cada fase da revolução representou
diferentes transformações e consequências mediante os avanços obtidos em cada
período.
A Primeira
Revolução Industrial representou uma nova organização no modo capitalista.
Nesse período houve um aumento significativo de indústrias bem como o aumento significativo da produtividade
(produção em menor tempo). O homem
ao ser substituído pela máquina, saiu da zona rural para ir
para as cidades em busca de novas oportunidades, dando início ao processo de urbanização.
Esse processo culminou no crescimento desenfreado das cidades, na
marginalização de boa parte da população, bem como em problemas de ordem social
como miséria, violência, fome. Nessa fase, também, a sociedade organizou-se em
dois polos: de um lado a burguesia
e do outro o proletariado.
A Segunda
Revolução Industrial teve como principais consequências,
mediante o maior avanço tecnológico, o aumento
da produção em massa em bem menos tempo, consequentemente o
aumento do comércio e modificação
nos padrões de consumo; muitos países passaram a se industrializar, especialmente os mais ricos,
dominando, então, economicamente diversos outros países (expansão territorial e
exploração de matéria-prima).
O avanço nos transportes possibilitou
maior e melhor
escoamento
de mercadorias e trânsito
de pessoas; surgiram as grandes cidades e com elas também os problemas como superpopulação; aumento
das doenças; desemprego
e aumento da mão de obra barata e novas relações de trabalho.
A Terceira
Revolução Industrial e nova integração entre ciência, tecnologia e produção,
possibilitou avanços na
medicina; a invenção de robôs capazes de fazer trabalho
extremamente minucioso e preciso; houve avanços na área da genética, trazendo
novas técnicas que melhoraram a qualidade de vida das pessoas; possibilitou diminuir as distâncias entre os povos
e a maior difusão de notícias e informações por meio de novos meios de
comunicação; o capitalismo financeiro consolidou-se e houve aumento do número
de empresas multinacionais.
E não menos importante, todas essas
transformações possibilitadas pela Revolução Industrial como um todo,
transformou o modo como o homem
relaciona-se com o meio. A apropriação dos recursos naturais para
viabilizar as produções e os avanços tecnocientíficos têm causado grande impacto ambiental.
Atualmente, as alterações provocadas no meio ambiente
têm sido amplamente discutidas pelas comunidades internacionais, órgãos e
entidades, que expressam a importância de mudar o modelo de desenvolvimento
econômico que explora os recursos naturais sem pensar nas gerações futuras.
ATIVIDADES 2º BIM - (Vale
10,0pts.)
I. MARQUE SOMENTE A ALTERNATIVA CORRETA.
1. O período em que Oliver Cromwell dirigiu a
Inglaterra, decretando, entre outros, o Ato de Navegação que consolidou a
marinha inglesa em detrimento da holandesa, ficou conhecido como: (Vale 1,0pt.)
a) Monarquia Absolutista
b) Monarquia Constitucional
c) Restauração Stuart
d) República Puritana
e) Revolução Gloriosa
2. “O rei é vencido e preso. O Parlamento tenta negociar com ele,
dispondo-se a sacrificar o Exército. A intransigência de Carlos, a
radicalização do Exército, a inépcia do Parlamento somam-se para impedir essa
saída "moderada"; o rei foge do cativeiro, afinal, e uma nova guerra
civil termina com a sua prisão pela segunda vez. O resultado será uma solução,
por assim dizer, moderadamente radical (1649): os presbiterianos são excluídos
do Parlamento, a câmara dos lordes é extinta, o rei decapitado por traição ao
seu povo após um julgamento solene sem precedentes, proclamada a república; mas
essas bandeiras radicais são tomadas por generais independentes, Cromwell à
testa, que as esvaziam de seu conteúdo social.” (RENATO JANINE RIBEIRO. In: HILL, Christopher.
"O mundo de ponta-cabeça: ideias radicais durante a Revolução Inglesa de
1640". São Paulo: companhia das letras, 1987). (Vale
1,0pt.)
O texto faz menção a um dos acontecimentos mais importantes da Europa no século XVII: a Revolução Puritana (1642-1649). A partir daquele acontecimento, a Inglaterra viveu uma breve experiência republicana, sob a liderança de Oliver Cromwell. Dentre suas realizações mais importantes, destaca-se a decretação do primeiro Ato de Navegação. A determinação do Ato de Navegação consistia em:
a) não permitir que nenhuma matéria-prima de origem
asiática entrasse na Inglaterra.
b) não permitir que nenhuma embarcação estrangeira
atracasse no litoral inglês;
c) permitir que os portos ingleses fossem usados
livremente por outras nações;
d) permitir que os holandeses usufruíssem da frota
marítima inglesa.
e) não permitir que as frotas marítimas inglesas
trafegassem fora dos mares do norte.
3. A morte de Cromwell, em 1658, desencadeou uma nova onda revolucionária
na Inglaterra, pois seu filho e sucessor, Richard, não conseguiu ter a mesma
força política do pai. A situação na Inglaterra só se estabilizou em 1688, com
a chamada: (Vale 1,0pt.)
a) Revolução Anarquista.
b) Reforma Anglicana
c) Revolução dos Navegadores
d) Revolução Gloriosa
e) Revolução Industrial
4. Leia o texto a seguir: (Vale 1,0pt.)
“É, assim, de enorme significado que Hobbes, também
em suas obras históricas posteriores, de modo algum abandona essa pretensão
explanatória da historiografia, mas antes a sustenta completamente.
Metodologicamente, Behemoth retrata a ascensão de Oliver Cromwell do
mesmo modo que o ensaio de Tácitus, a ascensão de Otaviano, a saber, na forma
de explicações de ação sob a consideração de regras sociais gerais.” (NOUR, Soraya; ZITTEL, Claus. O historiador e o teórico: a historiografia
de Hobbes na teoria das relações internacionais.
Contexto int., Rio de Janeiro, v. 25, n. 2, Dec. 2003. p.238).
O texto de Hobbes mencionado acima cita o historiador romano Tácitus com o objetivo de:
a) apagar da história a referência a Cromwell, já
que, para Hobbes, essa figura não tinha grande importância na história da
Inglaterra.
b) denegrir a imagem de Tácitus como historiador.
c) comparar o Imperador romano Octaviano a Oliver
Cromwell para construir uma imagem histórica desse último apoiada na referência
do primeiro.
d) denegrir a imagem de Octaviano como político.
e) propor um modelo de governo liberal e
democrático.
5. Leia as informações a seguir: (Vale 1,0pt.)
Em meados do século XVIII, James Watt patenteou na Inglaterra seu invento, sobre o qual escreveu a seu pai: “O negócio a que me dedico agora se tornou um grande sucesso. A máquina de fogo que eu inventei está funcionando e obtendo uma resposta muito melhor do que qualquer outra que tenha sido inventada até agora”.
a) puritana, gás natural e aumento na ocorrência de
inversão térmica.
b) gloriosa, petróleo e destruição da camada de ozônio.
c) gloriosa, carvão mineral e aumento do processo de desgelo das calotas
polares.
d) industrial, gás natural e redução da umidade atmosférica.
e) industrial, carvão mineral e aumento da poluição atmosférica.
6. O acúmulo
de capitais, a modernização da agricultura, a disponibilidade de mão de obra e
de recursos naturais e a força do puritanismo ajudam a explicar o pioneirismo
da __________ na Revolução Industrial.
BOULOS
Jr, p.421
Das opções abaixo listadas, o país que melhor
preenche o espaço acima é:
6. "Movimento
de trabalhadores que se uniram e revoltaram-se contra as máquinas no princípio
da Revolução Industrial. Sua ação consistia em invadir uma indústria têxtil e
promover a destruição das máquinas que produziam as mercadorias".
Adaptado www.historiadomundo.com.br. Consulta 16.06.2020
O trecho acima descreve o movimento:
7. Sobre a inovação tecnológica no sistema fabril na Inglaterra do século
XVIII, é correto afirmar que ela: (Vale 1,0pt.)
a) foi adotada não somente para promover maior
eficácia da produção, como também para realizar a dominação capitalista, à
medida que as máquinas submeteram os trabalhadores a formas autoritárias de
disciplina e a uma determinada hierarquia.
b) ocorreu graças ao investimento em pesquisa tecnológica de ponta, feito pelos
industriais que participaram da Revolução Industrial.
c) nasceu do apoio dado pelo Estado à pesquisa nas universidades.
d) deu-se dentro das fábricas, cujos proprietários estimulavam os operários a
desenvolver novas tecnologias.
e) foi única e exclusivamente o produto da genialidade de algumas gerações de
inventores, tendo sido adotada pelos industriais que estavam interessados em
aumentar a produção e, por conseguinte, os lucros.
8. "O duque de Bridgewater censurava os seus homens por terem voltado tarde depois do almoço; estes se desculparam dizendo que não tinham ouvido a badalada da 1 hora, então o duque modificou o relógio, fazendo-o bater 13 badaladas."
Este texto revela um dos aspectos das mudanças oriundas do processo industrial inglês no final do século XVIII e início do século XIX. A partir do conhecimento histórico, pode-se afirmar que: (Vale 1,0pt.)
a) os trabalhadores foram beneficiados com a
diminuição da jornada de trabalho em relação à época anterior à revolução
industrial.
b) a racionalização do tempo foi um dos aspectos psicológicos significativos
que marcou o desenvolvimento da maquinofatura.
c) os empresários de Londres controlavam com mais rigor os horários dos
trabalhadores, mas como compensação forneciam remuneração por produtividade
para os pontuais.
d) as fábricas, de modo em geral, tinham pouco controle sobre o horário de
trabalho dos operários, haja vista as dificuldades de registro e a imprecisão
dos relógios naquele contexto.
e) os industriais criaram leis que protegiam os trabalhadores que cumpriam
corretamente o horário de trabalho.
9. A Segunda
Revolução Industrial, no final do século XIX e início do século XX, nos EUA,
período em que a eletricidade passou gradativamente a fazer parte do cotidiano
das cidades e a alimentar os motores das fábricas, caracterizou-se pela
administração científica do trabalho e pela produção em série.
MERLO, A. R. C.; LAPIS, N. L. A saúde e os processos de trabalho no capitalismo: reflexões na interface da psicodinâmica do trabalho e a sociologia do trabalho. Psicologia e Sociedade, n. 1, abr. 2007.
De acordo com o texto, na primeira metade do século XX, o capitalismo produziu um novo espaço geoeconômico e uma revolução que está relacionada com a: (Vale 1,0pt.)
a) proliferação de pequenas e médias empresas, que
se equiparam com as novas tecnologias e aumentaram a produção, com aporte do
grande capital.
b) técnica de produção fordista, que instituiu a divisão e a hierarquização do
trabalho, em que cada trabalhador realizava apenas uma etapa do processo
produtivo.
c) passagem do sistema de produção artesanal para o sistema de produção fabril,
concentrando-se, principalmente, na produção têxtil destinada ao mercado
interno.
d) independência política das nações colonizadas, que permitiu igualdade nas
relações econômicas entre os países produtores de matérias-primas e os países
industrializados.
e) constituição de uma classe de assalariados, que possuíam como fonte de
subsistência a venda de sua força de trabalho e que lutavam pela melhoria das
condições de trabalho nas fábricas.
10. O século XIX foi um momento repleto de invenções em vários campos do
saber. Dentre elas, podemos destacar: (Vale 1,0pt.)
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