Conhecendo Séculos (texto 01)
Como podemos
aprender de forma sistemática a observar um ano qualquer e assim possamos dizer
a qual Século aquele ano pertence?
CASO 1:
ano 1654 Século
XVII
Siga as etapas abaixo
1. Observe o ano, veja se é uma unidade, dezena, centena
ou uma milhar;
2. Como é uma milhar, separe duas casas decimais à esquerda;
3. Observe nos números à direita, “se existe número
diferente de zero”.
4. Se existir, some (+1) ao numero da esquerda e você
terá o século;
5. Se não existir você já tem o século, o número à
esquerda;
6. Lembre-se que séculos só é escrito em algarismo
romano.
Ex 1:
ano 1304 Século XIV
Ex 2:
ano 1100 Século XI
CASO 2:
ano 304 Século
IV
Siga as etapas abaixo
1. Observe
o ano, veja se é uma unidade, dezena, centena ou uma milhar;
2. Como é uma centena,
separe uma casa decimal à esquerda;
3. Observe nos números
à direita, “se existe número diferente de zero”;
4. Se existir, some
(+1) ao numero da esquerda e você terá o século;
5. Se não existir você
já tem o século, o número à esquerda;
6. Lembre-se que
séculos só é escrito em algarismo romano.
Ex 1:
ano 304 Século IV
Ex 2: ano 200 Século II
CASO 3:
ano 20 Século
I
Obs importante. Um
século equivale a um período de 100 anos. Logo do ano 1 ao ano 100, temos o Século
I.
Ex 1: ano 30 Século I
Ex 2:
ano 100 Século I
Séculos em Algarismo Romano
1-I |
11-XI |
30 – XXX |
D – 500 |
2-II |
12-XII |
40 – XL |
DC – 600 |
3-III |
13-XIII |
50 – L |
CM – 900 |
4-IV |
14-XIV |
60 – LX |
M – 1000 |
5-V |
15-XV |
90 – XC |
|
6-VI |
16-XVI |
100 – C |
|
7-VII |
17-XVII |
200 – CC |
|
8-VIII |
18-XVIII |
400 – CD |
|
9-IX |
19-XIX |
|
|
10-X |
20-XX |
|
|
Numeração Romana
Nº Romano |
Nº Romano |
Nº Romano |
Nº Romano |
Nº Romano |
|||||
1 |
I |
26 |
XXVI |
51 |
LI |
76 |
LXXVI |
200 |
CC |
2 |
II |
27 |
XXVII |
52 |
LII |
77 |
LXXVII |
300 |
CCC |
3 |
III |
28 |
XVIII |
53 |
LIII |
78 |
LXXVIII |
400 |
CD |
4 |
IV |
29 |
XXIX |
54 |
LIV |
79 |
LXXIX |
500 |
D |
5 |
V |
30 |
XXX |
55 |
LV |
80 |
LXXX |
600 |
DC |
6 |
VI |
31 |
XXXI |
56 |
LVI |
81 |
LXXXI |
700 |
DCC |
7 |
VII |
32 |
XXXII |
57 |
LVII |
82 |
LXXXII |
800 |
DCCC |
8 |
VIII |
33 |
XXXIII |
58 |
LVIII |
83 |
LXXXIII |
900 |
CM |
9 |
IX |
34 |
XXXIV |
59 |
LIX |
84 |
LXXXIV |
1000 |
M |
10 |
X |
35 |
XXXV |
60 |
LX |
85 |
LXXXV |
1100 |
MC |
11 |
XI |
36 |
XXXVI |
61 |
LXI |
86 |
LXXXVI |
1200 |
MCC |
12 |
XII |
37 |
XXXVII |
62 |
LXII |
87 |
LXXXVII |
1300 |
MCCC |
13 |
XIII |
38 |
XXXVIII |
63 |
LXIII |
88 |
LXXXVIII |
1400 |
MCD |
14 |
XIV |
39 |
XXXIX |
64 |
LXIV |
89 |
LXXXIX |
1500 |
MD |
15 |
XV |
40 |
XL |
65 |
LXV |
90 |
XC |
1600 |
MDC |
16 |
XVI |
41 |
XLI |
66 |
LXVI |
91 |
XCI |
1700 |
MDCC |
17 |
XVII |
42 |
XLII |
67 |
LXVII |
92 |
XCII |
1800 |
MDCCC |
18 |
XVIII |
43 |
XLIII |
68 |
LXVIII |
93 |
XCIII |
1900 |
MCM |
19 |
XIX |
44 |
XLIV |
69 |
LXIX |
94 |
XCIV |
2000 |
MM |
20 |
XX |
45 |
XLV |
70 |
LXX |
95 |
XCV |
2100 |
MMC |
21 |
XXI |
46 |
XLVI |
71 |
LXXI |
96 |
XCVI |
2200 |
MMCC |
22 |
XXII |
47 |
XLVII |
72 |
LXXII |
97 |
XCVII |
2300 |
MMCCC |
23 |
XXIII |
48 |
XLVIII |
73 |
LXXIII |
98 |
XCVIII |
2400 |
MMCD |
24 |
XXIV |
49 |
XLIX |
74 |
LXXIV |
99 |
XCIX |
2500 |
MMD |
25 |
XV |
50 |
L |
75 |
LXXV |
100 |
C |
2600 |
MMDC |
Iluminismo (texto 02)
Iluminismo é um movimento
cultural que se desenvolveu na Inglaterra, Holanda e França, nos séculos XVII e
XVIII. Nessa época, o desenvolvimento intelectual, que vinha ocorrendo desde o
Renascimento, deu origem a ideias de liberdade política e econômica, defendidas
pela burguesia.
Iluminismo é um movimento
cultural que se desenvolveu na Inglaterra, Holanda e França, nos séculos XVII e
XVIII. Nessa época, o desenvolvimento intelectual, que vinha ocorrendo desde o
Renascimento, deu origem a ideias de liberdade política e econômica, defendidas
pela burguesia. Os filósofos e economistas que difundiam essas ideias
julgavam-se propagadores da luz e do conhecimento, sendo, por isso, chamados de
iluministas.
O Iluminismo trouxe consigo
grandes avanços que, juntamente com a Revolução Industrial, abriram espaço para
a profunda mudança política determinada pela Revolução Francesa. O precursor
desse movimento foi o matemático francês René Descartes (1596-1650),
considerado o pai do racionalismo. Em sua obra “Discurso do método”, ele
recomenda, para se chegar à verdade, que se duvide de tudo, mesmo das coisas
aparentemente verdadeiras. A partir da dúvida racional pode-se alcançar a
compreensão do mundo, e mesmo de Deus.
Na gravura, Descartes cercado por
estudiosos e admiradores
•Valorização da razão,
considerada o mais importante instrumento para se alcançar qualquer tipo de
conhecimento;
•valorização do questionamento,
da investigação e da experiência como forma de conhecimento tanto da natureza
quanto da sociedade, política ou economia;
•crença nas leis naturais, normas
da natureza que regem todas as transformações que ocorrem no comportamento
humano, nas sociedades e na natureza;
•crença nos direitos naturais,
que todos os indivíduos possuem em relação à vida, à liberdade, à posse de bens
materiais;
•crítica ao absolutismo, ao
mercantilismo e aos privilégios da nobreza e do clero;
•defesa da liberdade política e
econômica e da igualdade de todos perante a lei;
•crítica à Igreja Católica,
embora não se excluísse a crença em Deus. "
Iluminismo e a Ciência
Nos séculos XVII e XVIII,
enquanto as ideias iluministas se espalhavam pela Europa, uma febre de novas
descobertas e inventos tomou conta do continente. O avanço científico dessa
época colocou à disposição do homem informações tão diferentes quanto a
descrição da órbita dos planetas e do relevo da Lua, a descoberta da existência
da pressão atmosférica e da circulação sanguínea e o conhecimento do
comportamento dos espermatozóides.
A Astronomia foi um dos campos
que deu margem às maiores revelações. Seguindo a trilha aberta por estudiosos
da Renascença, como Copérnico, Kepler e Galileu, o inglês Isaac Newton
(1642.1727) elaborou um novo modelo para explicar o universo. Auxiliado pelo
desenvolvimento da Matemática, que teve em Blaise Pascal (1623.1662) um de seus
maiores representantes, ele ultrapassou a simples descrição do céu, chegando a
justificar a posição e a órbita de muitos corpos siderais.
Além disso, anunciou ao mundo a
lei da gravitação universal, que explicava desde o movimento de planetas
longínquos até a simples queda de uma fruta. Newton foi ainda responsável por
avanços na área do cálculo e pela decomposição da luz, mostrando que a luz
branca, na verdade, é composta por sete cores, as mesmas do arco-íris.
Tanto para o estudo dos corpos
celestes como para a observação das minúsculas partes do mundo, foi necessário
ampliar o campo de visão do homem. Os holandeses encarregaram-se dessa parte,
descobrindo que a justaposição de várias lentes multiplicava a capacidade da
visão humana.
Tal invento possibilitou a Robert
Hooke (1635-1703) construir o primeiro microscópio, que ampliava até 40 vezes
pequenos objetos (folhas, ferrões de abelha, patas de insetos). Esse cientista
escreveu um livro sobre suas observações e criou o termo célula, hoje comum em
Biologia.
As primeiras experiências com a
então recém-descoberta eletricidade demonstraram que o corpo humano é um bom
condutor elétrico, O menino suspenso por cordas Isolantes recebe estímulos
elétricos nos pés, os quais são transmitidos à outra criança (à esquerda), a
quem está dando a mão.
A Biologia progrediu também no
estudo do homem, com a identificação dos vasos capilares e do trajeto da
circulação sanguínea. Descobriu-se também o princípio das vacinas — a
introdução do agente causador da moléstia no organismo para que este produza
suas próprias defesas.
Na Química, a figura mais
destacada foi Antoine Lavolsier (1743-1794), famoso pela precisão com que
realizava suas experiências. Essa característica auxiliou-o a provar que,
“embora a matéria possa mudar de estado numa série de reações químicas, sua
quantidade não se altera, conservando-se a mesma tanto no fim como no começo de
cada operação”. Atribuiu-se a ele igualmente a frase: “Na natureza nada se
perde, nada se cria, tudo se transforma”.
Além dos nomes citados, houve
muitos outros inventores e estudiosos que permitiram, por exemplo, a descoberta
da eletricidade; a invenção da primeira máquina de calcular; a formulação de
uma teoria, ainda hoje aceita, para explicar a febre; a descoberta dos
protozoários e das bactérias. Surgiu mesmo uma nova ciência — a Geologia —, a
partir da qual se desenvolveu uma teoria que explicava a formação da Terra,
refutando a versão bíblica da criação do mundo em sete dias.
Tendo herdado o espírito curioso
e indagador dos estudiosos renascentistas, os pesquisadores dos séculos XVII e
XVIII construíram teorias e criaram inventos, em alguns casos posteriormente
contestados pela evolução da ciência. Sua importância, entretanto, é inegável,
tendo sido fundamental para os progressos técnicos que culminaram na Revolução
Industrial. "1
Iluministas Ingleses
o século XVII, as ideias
iluministas mais brilhantes surgiram na Inglaterra, país que apresentava grande
desenvolvimento econômico Vejamos algumas das figuras que mais se destacaram
nesse país.
Isaac Newton (1642-1727),
matemático, astrônomo e físico, preocupou-se com o estudo do movimento dos
corpos do universo. Demonstrou que os corpos exercem atração uns sobre os
outros, formulando a lei da gravitação universal.
Os conhecimentos de Newton em
Matemática e Física permitiram-lhe avançar em suas investigações astronômicas e
criar, inclusive, um telescópio.
John Locke (1632-1704), ao
contrário de seu contemporâneo Thomas Hobbes, que era a favor do absolutismo,
escreveu o Segundo tratado sobre o governo civil, defendendo a teoria do
governo limitado. Para Locke, os homens formavam a sociedade e instituíam um
governo para que este lhes garantisse alguns direitos naturais, como o direito
à vida, à felicidade, à propriedade, etc. Por isso, caso o governo abusasse do
poder, poderia ser substituído. Outra de suas afirmações era que todos os
indivíduos nascem iguais, sem valores ou ideias preconcebidas. "1
1 - FILHO, Milton B. B. História
Moderna e Contemporânea. São Paulo, Scipione.1993
Iluministas Franceses
As ideias dos pensadores
iluministas ingleses encontraram grande aceitação na França do século XVIII,
onde atingiram seu auge. Investigando problemas políticos, religiosos e
culturais, os franceses procuraram idealizar uma sociedade na qual houvesse
liberdade e justiça social.
Dos franceses, Voltaire
(1694-1770) foi o maior dos filósofos iluministas e um dos maiores críticos do
Antigo Regime e da Igreja. Defendeu a liberdade de pensamento e de expressão.
Como forma de governo, era a
favor de uma monarquia esclarecida, na qual o governante fizesse reformas
influenciado pelas ideias iluministas.
Outro crítico do Antigo Regime
foi Montesquieu (1698-1755), que propunha a divisão do poder em executivo,
legislativo e judiciário, mantendo-se os três em equilíbrio permanente.
Escreveu “O espírito das leis” e
“Cartas persas”. Defendeu ainda a posição de que somente as pessoas de boa
renda poderiam ter direitos políticos, ou seja, direito de votar e de
candidatar-se a cargos públicos.
François Marie Arouet (Voltaire)
um dos grandes intelectuais do Iluminismo francês.
Rousseau (17 12-1778), outro
pensador francês, distinguiu-se dos demais iluministas por criticar a burguesia
e a propriedade privada. Considerava os homens bons por natureza e capazes de
viver em harmonia, não fosse alguns terem se apoderado da terra, dando origem à
desigualdade e aos conflitos sociais. Propunha um governo no qual o povo
participasse politicamente e a vontade da maioria determinasse as decisões
políticas. Expôs suas ideias principalmente em duas obras: “O contrato social”
e “Discurso sobre a origem da desigualdade.”
As propostas desses e de outros
iluministas franceses difundiram-se pela Europa e América em boa parte graças à
“Enciclopédia”. Esta volumosa obra, organizada pelos iluministas Diderot e
D’Alembert e escrita por grandes pensadores e cientistas, sintetizava o
conhecimento e as ideias vigentes na época.
também em relação à economia
surgiram ideias novas, que atacavam o mercantilismo e a interferência do Estado
na vida econômica. Na França apareceram os fisiocratas (fisio = natureza;
cracia = poder), como Quesnay, para quem a riqueza de uma nação provém da
agricultura e, portanto, da natureza. A economia seria regulada por leis
naturais, sendo desnecessária a intervenção do Estado. O principio “Laissez
faire, laissez passer” (Deixe fazer, deixe passar) era defendido pelos
fisiocratas, onde pregavam o ideal de liberdade.
Os fisiocratas influenciaram na
formação de uma corrente de pensamento chamada liberalismo econômico, da qual
fazem parte os ingleses Adam Smith, Thomas Malthus e David Ricardo. "1
Capa do primeiro volume da
Enciclopédia, editada em 1751
O
despotismo esclarecido
" No século XVIII
desenvolveu-se uma forma de governo que mesclou o absolutismo às ideias
iluministas. O chamado despotismo esclarecido surgiu em países da Europa ainda
essencialmente agrícolas, como Portugal, Áustria, Prússia e Rússia.
Os soberanos desse países,
apoiados na burguesia e em parte da aristocracia, explicavam seu poder absoluto
não pala “origem divina”, mas como resultado de necessidades sociais.
Governavam em nome da razão e pretendiam construir a prosperidade de seus
Estados. Diziam-se servidores da coletividades. Veja no quadro a seguir o nome
dos déspotas esclarecidos e suas principais realizações.
País |
Déspota Esclarecido |
Realizações |
|
Portugal |
Marquês de Pombal - Ministro de D.Jose I
(1750 - 1777) |
- Aumentou o controle do Estado
sobre a economia. - Incentivou o comércio e as
manufaturas. - expulsou os jesuítas de
Portugal e de suas colônias. - procurou desenvolver uma
educação leiga, sem a influ6encia da Igreja. |
|
Áustria |
José II (1780 -
1790) |
- estimulou o desenvolvimento
das manufaturas e da agricultura. - libertou os servos de várias
regiões do país. - Desenvolveu a educação. - taxou as propriedades da
nobreza e do clero. |
|
Prússia |
Frederico II (1740 - 1780) |
- organizou militarmente a
Prússia. expandiu o território do país. - estimulou o desenvolvimento
industrial incentivou a educação. |
|
Rússia |
Catarina, a Grande (1763 - 1796) |
- incentivou a cultura - promoveu transformações
sociais baseadas nas idéias iluministas. |
ESCRITOS
ILUMINISTAS
Os regimes de governo e a divisão
de poderes, segundo Montesquieu.
“Existem três espécies de
governos: o republicano, o monárquico e o despótico (...) o governo republicano
é aquele no qual o povo reunido, ou somente uma parte do povo, tem o poder
soberano; a monarquia, aquela na qual um só governa, mas por meio de leis fixas
e estabelecidas; enquanto que no despotismo apenas um, sem leis e sem regras,
arrebata tudo sob a sua vontade e seu capricho (...).
Existe em cada Estado três tipos
de poderes: o poder legislativo, o poder executivo das coisas que dependem da
vontade das gentes e o poder executivo daquilo que depende do direito civil.
Pela primeira, o príncipe ou magistrado faz as leis por um certo tempo ou para
sempre, e corrige ou substitui aquelas que estão feitas. Pela segunda, se faz a
paz ou a guerra, se enviam ou recebem os embaixadores, se estabelece a
segurança, se previnem as invasões. Pela terceira, se punem os crimes ou se
julga as diferenças particulares.”
MONTESQUIEU.
O Espírito das Leis
A teoria do contrato social em
Diderot: o poder político emergindo do consentimento da nação.
“O príncipe recebe de seus
súditos a autoridade que ele tem sobre eles e esta autoridade é nascida das
leis da natureza e do Estado. As leis da natureza e do Estado são as condições
às quais eles são submetidos (...). Uma destas condições é que não existe o
poder da autoridade sobre eles a não ser pela sua escolha e consentimento e ele
não pode jamais empregar esta autoridade para cassar o ato ou contrato pela
qual ela lhe foi deferida: ele agirá assim contra ele mesmo, pois que sua
autoridade não pode subsistir a não ser pelo título que a estabelece (...). O
príncipe não pode pois dispor do seu poder e de seus súditos sem o
consentimento da nação.”
DIDEROT.
Enciclopédia
A Propriedade como fonte de
desigualdade, segundo Rousseau
“O primeiro que cercou um
terreno, advertindo: ‘Este é meu’, e encontrando gente muito simples que
acreditou, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Que crimes, guerras,
assassinatos, misérias e horrores teria poupado ao gênero humano aquele que
(...) tivesse gritado a seus semelhantes: ‘Não escutem este impostor; vocês
estarão perdidos se esquecerem que os frutos são de todos, que a terra não é de
ninguém’. (...) Desde o instante em que um homem teve necessidade da ajuda de
um outro, desde que ele percebeu ser conveniente para um só ter provisões para
dois, a igualdade desapareceu, a propriedade se introduziu, o trabalho
tornou-se necessário e as vastas florestas se transformaram em campos risonhos
que passaram a ser regados com o suor dos homens e nos quais vimos então a
miséria e a escravidão germinarem e crescerem com a colheita.”
ROUSSEAU,
Discursos sobre a origem das desigualdades
As reformas do déspota
esclarecido Frederico Guilherme I, da Prússia.
“O Estado mudou quase inteiramente de forma sob
Frederico Guilherme: a Corte foi dispensada e as grandes pensões sofreram uma
redução (...). Desde o reinado de Frederico 1 houve grande quantidade de
abusos relativos às taxas, que se tornaram arbitrárias. A crise de todo o
Estado demandava (. . .). A fim de tornar estes impostos proporcionais, o rei
fez medir exatamente todos os campos cultiváveis e restabeleceu a igualdade das
contribuições segundo as diferentes categorias de boas ou más terras e, como o
preço dos alimentos estava muito alto, ele aumentou também os impostos na
proporção destes preços; o que aumentou consideravelmente a renda.”
Revolução Francesa (1789) (texto 03)
A Revolução Francesa,
iniciada no dia 17 de junho de 1789, foi um movimento impulsionado pela
burguesia e que contou com uma importante participação dos camponeses e das
massas urbanas que viviam na miséria.
Em 14 de julho de 1789,
a massa urbana de Paris tomou a prisão da Bastilha desencadeando profundas
mudanças no governo francês.
Contexto Histórico
No final do século
XVIII, a França era um país agrário, com a produção estruturada no modelo
feudal. Para a burguesia e parte da nobreza era preciso acabar com o poder
absoluto do rei Luís XVI, cujo reinado teria arruinado a economia francesa.
Enquanto isso, do outro
lado do Canal da Mancha, a Inglaterra, sua rival, desenvolvia o processo de Revolução Industrial.
Fases da Revolução
Francesa
Para fins de estudo
dividimos a Revolução Francesa em três fases:
- Primeira fase (1789-1792): Monarquia
Constitucional;
- Segunda fase (1792-1794): Convenção - 1792/1793 e
Terror;
- Terceira fase (1794-1799): Diretório.
Causas
A burguesia francesa,
preocupada em desenvolver a indústria no país, tinha como objetivo destruir as
barreiras que restringiam a liberdade de comércio internacional. Desta forma, era
preciso que se adotasse na França, segundo a burguesia, o liberalismo econômico.
A burguesia exigia
também a garantia de seus direitos políticos, pois era ela quem sustentava o
Estado, posto que o clero e a nobreza estavam livres de pagar impostos.
Apesar de ser a classe
social economicamente dominante, sua posição política e jurídica era limitada
em relação ao Primeiro e ao Segundo Estados.
Iluminismo
O iluminismo surgiu na França, se propagou entre os
burgueses e propulsionou o início da Revolução Francesa.
Este movimento
intelectual destinava duras críticas às práticas econômicas mercantilistas, ao
absolutismo, e aos direitos concedidos ao clero.
Seus autores mais
conhecidos foram Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Diderot e Adam Smith.
Crise
Econômica e Política
A crítica situação
econômica, às vésperas da revolução de 1789, exigia reformas urgentes e gerava
uma grave crise política. Ocorreu uma onda de falências, acompanhada de
desempregos e queda de salários, arruinando o comércio nacional.
As crises econômicas se
juntaram às políticas, com demissão de ministros que haviam convocado a nobreza
e o clero para contribuírem no pagamento de impostos.
Pressionado pela crise,
o rei Luís XVI convoca os Estados Gerais, uma assembleia formada pelas três
divisões da sociedade francesa:
- Primeiro Estado - composto pelo clero;
- Segundo Estado - formado pela nobreza;
- Terceiro Estado - composto por todos aqueles que não pertenciam
ao Primeiro nem ao Segundo Estado, no qual se destacava a burguesia.
O Terceiro Estado, mais
numeroso, pressionava para que as votações das leis fossem individuais e não
por Estado. Somente assim, o Terceiro Estado poderia passar normas que os
favorecessem.
No entanto, o Primeiro
e o Segundo Estado recusaram esta proposta e as votações continuaram a ser realizadas
por Estado.
Desta forma, reunidos
no Palácio de Versalhes, o Terceiro Estado e parte do Primeiro Estado (baixo
clero) se separam da Assembleia.
Em seguida, declaram-se
representantes da nação, formando a Assembleia Nacional Constituinte e jurando
permanecer reunidos até que ficasse pronta a Constituição.
Monarquia
Constitucional (1789-1792)
No dia 26 de agosto de
1789 foi aprovada pela Assembleia a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão.
Esta Declaração
assegurava os princípios da liberdade, da igualdade, da fraternidade (“Liberté, égalité, fraternité” - lema da
Revolução), além do direito à propriedade.
A recusa do rei Luís
XVI em aprovar a Declaração provoca novas manifestações populares. Os bens do
clero foram confiscados e muitos padres e nobres fugiram para outros países. A
instabilidade na França era grande.
A Constituição ficou
pronta em setembro de 1791. Dentre os muitos artigos podemos destacar:
- o governo foi transformado em monarquia constitucional;
- o poder executivo caberia ao rei, limitado pelo
legislativo, constituído pela Assembleia;
- os deputados teriam mandato de dois anos;
- o voto não teria caráter universal: só seria
eleitor quem tivesse uma renda mínima (voto censitário);
- suprimiu-se os privilégios e as antigas ordens
sociais;
- confirmou-se a abolição da servidão e a
nacionalização dos bens eclesiásticos;
- manteve-se a escravidão nas colônias.
Veja também: Assembleia Nacional Constituinte na Revolução Francesa
O Terror (1792-1794)
Internamente, a crise
começava a provocar divisão entre os próprios revolucionários.
Os girondinos -
representantes da alta burguesia, defendiam posições moderadas.
Por sua parte, os jacobinos -
representantes da média e da pequena burguesia, constituía o partido mais
radical, sob a liderança de Maximilien Robespierre.
Foi assim instalada a
ditadura jacobina que introduziu novidades na Constituição como:
- Voto universal e não censitário;
- fim da escravidão na colônias;
- congelamento de preços de produtos básicos como o
trigo;
- instituição do Tribunal Revolucionário para
julgar os inimigos da Revolução.
Nessa altura, foram
ordenadas a morte, pela guilhotina, de várias pessoas que eram contra a
revolução. As execuções tornaram-se um espetáculo popular, pois aconteciam
diversas vezes ao dia num ato público.
O próprio rei Luís XVI
foi morto desta forma em 1793. Meses depois a rainha Maria Antonieta também foi
guilhotinada. Essa fase, entre 1793 e 1794, é conhecida como “O Terror”.
A Lei dos Suspeitos
aprovava a prisão e a morte cruel dos anti revolucionários. Nessa mesma altura,
as igrejas eram encerradas e os religiosos obrigados a deixar seus conventos.
Aqueles que recusavam eram executados. Além da guilhotina, os suspeitos eram
afogados no rio Loire.
Para os ditadores,
essas execuções eram uma forma justa de acabar com os inimigos. Essa atitude
causava terror na população francesa que se voltou contra Robespierre e o
acusou de tirania.
Nessa sequência, após
ser detido, também Robespierre foi executado na ocasião que ficou conhecida
como “Golpe do 9 Termidor”, em 1794.
Diretório (1794-1799)
A fase do Diretório
dura cinco anos de 1794-1799 e se caracteriza pela ascensão da alta burguesia,
os girondinos, ao poder. Recebe este nome, pois eram cinco diretores que
governavam a França neste momento.
Inimigos dos jacobinos,
seu primeiro ato é revogar todas as medidas que eles haviam feito durante sua
legislação.
No entanto, a situação
era delicada. Os girondinos atraíram a antipatia da população ao revogar o
congelamento de preços, por exemplo.
Vários países europeus
como a Inglaterra e o Império Austríaco ameaçavam invadir a França a fim de
conter os ideais revolucionários. Por fim, a própria nobreza e a família real
no exílio, buscavam organizar-se para restaurar o trono.
Diante desta situação,
o Diretório recorre ao Exército, na figura do jovem e brilhante general Napoleão Bonaparte para conter os ânimos
dos inimigos.
Desta maneira,
Bonaparte dá um golpe - o 18 Brumário - onde instaura o
Consulado, um governo mais centralizado que traria paz ao país por alguns anos.
Consequências
Napoleão Bonaparte
espalhou os ideais da Revolução Francesa através de guerras pela Europa
Em dez anos, de 1789 a
1799, a França passou por profundas modificações políticas, sociais e
econômicas.
A aristocracia do Antigo Regime
perdeu seus privilégios, libertando os camponeses do antigos laços que os
prendiam aos nobres e ao clero.
Desapareceram as
amarras feudais que limitavam as atividades da burguesia, e criou-se um mercado
de dimensão nacional.
A Revolução Francesa
foi a alavanca que levou a França do estágio feudal para o capitalista e
mostrou que a população era capaz de condenar um rei.
Igualmente, instalou a
separação de poderes e a Constituição, uma herança deixada para várias nações
do mundo.
Em 1799, a alta
burguesia aliou-se ao general Napoleão Bonaparte, que foi convidado a fazer
parte do governo.
Sua missão era
recuperar a ordem e a estabilidade do país, proteger a riqueza da burguesia e
salvá-los das manifestações populares.
Por volta de 1803 têm
início as Guerras Napoleônicas, conflitos
revolucionários imbuídos dos ideais da Revolução Francesa que teve como protagonista
Napoleão Bonaparte.
A independência
americana/ Revolução Americana (1775-83) (texto 04)
A independência
americana, conhecida também como revolução americana, foi uma transformação
radical nas Treze Colônias (na região norte: Massachusetts, Rhode
Island, Connecticut, New Hampshire; e no sul: Nova Jersey, Nova York,
Pensilvânia, Delaware, Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina do Sul e
Geórgia) que rompeu o pacto colonial com os ingleses e lançou as bases
de um sistema democrático fundando a democracia na Época Moderna.
A importância
da independência americana está no fato de ter sido a primeira que se
colocou contra a metrópole e a primeira revolução influenciada pelos
princípios iluministas que triunfou. Pela primeira vez na história da
expansão europeia, uma colônia tornava-se independente dos países por meio de
um ato revolucionário. E fazia-o não só proclamando no documento histórico
aprovado no 4 de Julho o direito à independência e à livre escolha de cada povo
e de cada pessoa ("o direito à vida, à liberdade e à procura da
felicidade" são definidos como inalienáveis e de origem divina), mas ainda
construindo uma federação de estados dotados de uma grande autonomia e
aprovando uma constituição política (a primeira da História mundial) onde se
consignavam os direitos individuais dos cidadãos, se definiam os limites dos
poderes dos diversos estados e do governo federal, e se estabelecia um sistema
de equilíbrio entre os poderes legislativo, judiciário e executivo de modo a
impedir a supremacia de qualquer deles, além de outras disposições inovadoras.
Assim, a importância da independência das colônias inglesas é incontestável.
Apesar da estrutura social ter permanecido inalterada (o norte continuou
capitalista e no sul a escravidão foi mantida), a Guerra da Independência dos
Estados Unidos é considerada uma revolução sim por ter acabado com a
estrutura colonial repressiva e ter instituído, através da Constituição de
1787, vigente até hoje, uma república federal, a soberania da nação, e divisão
tripartida dos poderes. Além disso, a independência americana teve repercussões
importantes na própria Europa, inclusive na Inglaterra, que perdia sua
principal área colonial; na França, que anos depois também teria sua grande
Revolução, e nos territórios coloniais ibéricos no Novo Mundo, como a
Inconfidência Mineira, aqui no Brasil.
A Revolução Americana, como toda revolução, acontece motivada por
algumas questões que podem ser diretas e/ou indiretas. Temos, por exemplo,
a forma como aconteceu a colonização destes territórios a partir do
século XVII através de uma política de negligência salutar, isto é,
política de abandono, de pouca interferência, devido ao contexto inglês (guerra
civil, rei decapitado, instalação de uma república, conflitos religiosos,
etc.), portanto, a Inglaterra não tinha como criar na América uma estrutura de
governo muito eficiente. Assim, os colonos das Treze Colônias viverão ao longo
do século XVII em relativa liberdade, desde que pagassem os impostos e
garantissem a posse do território para a Inglaterra. Devido a este fator de
poderem decidir a condução de suas instituições, surgiriam na América inglesa
órgãos administrativos próprios, como as assembleias de colonos, que tomavam
decisões sobre suas regiões. Além disso, a forma de colonização também
foi diferente nas regiões das treze colônias. No norte tivemos a colonização
de povoamento, onde as pessoas iriam não com o objetivo de enriquecer e
voltar, mas para morar na nova terra numa atitude não predatória, mas
preocupada com o desenvolvimento local. As colônias do norte eram de pequena
propriedade, do trabalho livre, atividades manufatureiras e com um mercado
interno relativamente desenvolvido. Já no sul, tivemos a colonização de
exploração, isto é, eram usadas para serem exploradas por um certo tempo
para enriquecer a metrópole. As do sul tinham o predomínio do latifúndio,
voltado quase que inteiramente à exportação e tinham o trabalho servil e
escravo como base. Enfim, a América inglesa gozava de certa autonomia, mas
temos um outro acontecimento na Inglaterra que vai interferir nisso, que vai
ser a Revolução Industrial. A partir dela, surgiram novas exigências que
fizeram aumentar o controle metropolitano, porque o algodão, produzido
largamente nas colônias do sul das Treze Colônias, tornava-se uma mercadoria
estratégica, pois era a principal matéria-prima da indústria têxtil
inglesa, e, a Inglaterra necessitava de ampliação de mercados, e a
América inglesa propiciava isto pois sua população de quase 3 milhões de
pessoas representava um importante mercado consumidor.
Outro fator que
contribuirá para a luta pela independência das treze colônias será a Guerra
dos 7 anos, que foi um conflito por disputa de terras entre os
colonos anglo-americanos (ingleses) e os colonos franceses, que se
iniciou em 1756 no território das Treze Colônias. Os colonos anglo-americanos
sustentaram as tropas da Inglaterra e enviaram milhares de homens para lutar. A
guerra terminou com a assinatura do Tratado de Paris em 1763. A França
foi derrotada, perdendo quase todos os seus territórios norte-americanos para a
Inglaterra, como o território do Canadá, por exemplo. Os colonos
anglo-americanos acreditaram que poderiam ocupar o território deixado pelos
franceses, como recompensa pelo seu papel na vitória inglesa. Mas o rei inglês
Jorge III, proibiu a ocupação das regiões entre os Apalaches e Mississípi, pois
não desejava causar conflitos com as tribos indígenas da região. Enfim, nenhuma
nova exploração ou colonização de territórios poderia ser feita sem a
assinatura de tratados com os índios.
Resultantes da
Guerra dos 7 anos, temos outras duas questões que serão o estopim para desencadear
o sentimento de libertação do pacto colonial: a Inglaterra determinou que o exército
inglês, que havia lutado nesta guerra, permanecesse lá e assegurasse a
obediência aos interesses ingleses, e, a guerra gerou na Inglaterra uma grande
dívida e para pagá-la, ela impôs uma série de novos tributos aos
colonos. Além de pagar os gastos da Inglaterra com a guerra (vale destacar que
os colonos achavam que a Inglaterra tinha dado pouca ajuda a eles durante a
guerra e que portanto a cobrança de impostos seria injusta), os impostos seriam
também uma forma de forçar a economia das colônias a irem para baixo, já que
ela mostrava sinais de enriquecimento e vigor. Assim, logo após o fim da
Guerra, em 1764, temos um dos primeiros novos impostos, criado pela Lei do
Açúcar, que taxava a importação de açúcar que não fosse proveniente das
Antilhas inglesas.
Em 1765 foi aprovado
pelos ingleses um decreto regulamentando a obrigação de abrigar e sustentar
tropas inglesas em solo americano (prática que pesava muito sobre as finanças
coloniais) e eles também proibiram a abertura de estabelecimentos fabris nas
colônias. Ainda nesse ano, foram ainda criadas a Lei do Selo que
acrescentou um imposto sobre os selos que eram colocados sobre jornais,
documentos legais e oficiais etc. Os colonos protestaram e, um ano depois, a lei
foi revogada. No ano de 1767 temos os Atos de Townshend, que procuravam
limitar e mesmo impedir que os americanos continuassem suas relações comerciais
com outras regiões que não a Inglaterra, pois taxavam a importação de produtos
de consumo como chá, vidro, papel, etc., e, a criação de tribunais
alfandegários nas colônias, o que causava aumenta dos preços. Para finalizar,
em 1773, o Parlamento inglês concedeu o monopólio do comércio do chá na América
à Companhia das Índias Orientais, da qual muitas personalidades britânicas
possuíam ações, através da Lei do Chá. Essa exclusividade, além de
eliminar a liberdade do comércio de chá pelos colonos, significava o aumento
dos preços.
Por tudo isto, os
colonos vão começar a ter uma resistência pacífica, onde exigiam o direito de
eleger representantes para o Parlamento de Londres (para poderem discutir e
votar as leis que lhes diziam respeito), passando depois a atos de boicote às
mercadorias inglesas. Esta guerra econômica desencadearia motins e forçou o
governo inglês a alguns recuos, que contudo não satisfizeram os colonos. O
conflito agravou-se com a presença de tropas enviadas para conter os protestos.
O primeiro deles foi em março de 1770, em Boston, capital de Massachusetts,
chamado de Massacre de Boston. O Massacre de Boston foi um incidente que
causou a morte de cinco pessoas pela guarda metropolitana da Inglaterra ao
tentar acabar com uma manifestação contra os Atos Townshend. As colônias
americanas reagiram violentamente e os soldados ingleses entraram em confronto
direto com a população atirando neles sem ordens prévias para o fazer. Outra
resistência dos colonos foi a Festa do Chá de Boston (Boston Tea Party),
em dezembro do 1773, contra a Lei do Chá. Nesta manifestação, 150 colonos
disfarçaram-se de índios peles-vermelhas, assaltaram três navios da Companhia
das Índias, que estavam no porto de Boston e lançaram todo o carregamento de
chá no mar. A Inglaterra reagiu de imediato, e em 1774, criou um conjunto de
leis repressoras que os colonos chamaram de "Leis Intoleráveis".
Entre elas, a que determinava o fechamento do porto de Boston até que os
prejuízos fossem pagos; a indenização à companhia prejudicada; o julgamento dos
envolvidos, na Inglaterra ou em outra colônia; imposição de um novo governador
para Massachussets e aquartelamento de tropas britânicas.
Como resposta, em
1774, para organizar a resistência à crescente opressão inglesa, os
representantes das colônias americanas, exceto Geórgia, enviaram seus delegados
a Filadélfia, num primeiro Congresso Continental em setembro, que a
partir daí foi a voz política dos colonos. Seu programa reivindicava o fim das
Leis Intoleráveis e boicote aos produtos ingleses. Neste encontro foi redigida
uma declaração de direitos, mas o Parlamento britânico não aceitou as
reivindicações das colônias. Como contra-resposta, o governo inglês aumentou a
repressão aos colonos, como o Ato de Quebec (1774), que impedia que as
colônias de Massachussets, Virgínia, Connecticut e Pensilvânia ocupassem as
terras à oeste (Canadá). Com isto e outros fatores como o de manter um
judiciário forjado com julgamentos simulados e do uso de mercenários para
ocupar o território americano, tivemos um aumento dos atritos entre as treze
colônias e a metropole, culminando com a eclosão da guerra em 1775 em Lexington
e Concord. Em maio de 1776, ocorreu o Segundo Congresso Continental da
Filadélfia, reunindo desta vez todas as treze colônias. Nele, muitos
defendiam o fim do pacto colonial. Porém, nem todos eram favoráveis ao
rompimento com a Inglaterra, e, por isso houve intensos debates. As colônias do
sul, de economia mais voltada ao mercado externo, por exemplo, resistiriam mais
à idéia de independência pois temiam que uma ruptura com a Inglaterra pudesse
significar uma ruptura com sua estrutura econômica. Por fim, predominaram os princípios
iluministas, principalmente os de John Locke, como o de direito dos seres
humanos à liberdade, vida e felicidade, o do estado como um dos meios para
obtê-la, o de o povo derrubar o governo quando ele não garantisse tais direitos
etc. Para os colonos, os ingleses não deram ouvidos aos seus pedidos, assim, só
restava a ruptura. Assim, no dia 4 de julho, o Congresso aprovou a Declaração
de Independência e procedeu-se a constituição de uma tropa regular, o Exército
Continental, cujo comando foi confiado ao fazendeiro George Washington.
Vale ressaltar que as 13 colônias não se uniram contra a Inglaterra por um
sentimento nacional, mas por um sentimento anti-britânico e por interesses
econômicos. Também vale ressaltar que além do exército regular, os colonos
formaram milícias de cidadãos, e que na guerra de independência teve divisões
entre os próprios colonos das treze colônias, portanto não era um movimento
unívoco. Assim, teremos os colonos que lutavam pela independência que eram
chamados de patriotas, e, os colonos, principalmente do sul, que lutavam
pela Inglaterra, e eram chamados de legalistas.
Porém, os ingleses,
não queriam perder o controle sobre essas suas ricas colônias, e então resolveu
lutar. O curso da guerra pode ser dividido em duas fases a partir de 1775. A primeira
fase, de 1775-78, ficou concentrada no norte. Neste período, as tropas
coloniais americanas lutaram praticamente sozinhas contras as forças inglesas.
A segunda fase,
de 1778-83, desviou as atenções britânicas para o sul, onde grande número de
legalistas podiam ser recrutados. Filadélfia foi abandonada (1778) e Washington
acampou em West Point a fim de ameaçar os quartéis-generais britânicos em Nova
York. Em 1780, os ingleses foram derrotados na batalha naval de Chesapeake e,
em 19 de outubro de 1781, o exército inglês, sob o comando de Lord Cornwallis,
rendeu-se em Yorktown, Virgínia, terminando efetivamente com as hostilidades.
Os britânicos, enfrentaram problemas de carência de provisões, comando
desunido, comunicação lenta, população hostil e falta de experiência em
combater as táticas de guerrilha das milícias. Ainda nesta fase, os colonos
contaram com ajuda militar e financeira da França, da Espanha e das Províncias
Unidas (Holanda). Mas qual o interesse desses países em ajudar as colônias da
América do Norte? A França desejava recuperar território perdidos na Guerra dos
Sete Anos; já a Espanha participou por aliança ao rei Franco. Após intensa
luta, a Inglaterra firma o Tratado de Paris, no dia 3 de setembro de
1783, em Paris, quando foi assinado o tratado em que o novo Estado,
representados por John Adams, Benjamin Franklin e John Jay, tiveram sua
independência aceita e reconhecida, formalmente, pela Inglaterra.
Após a vitória, era
necessário decidir como o novo Estado se organizaria. Com a emancipação, os
anglo-americanos para garantirem a unidade sem perder a autonomia adotaram a forma
federativa de governo. Em 1787, o Congresso da Confederação aprovou a
constituição, vigente até hoje, que estabelecia a criação de uma República
federal. As ex-colônias, transformadas em estados federados,
mantinham a autonomia para cobrar impostos e decidir as questões locais. Á
união caberia a política externa, a organização das forças armadas e a
defesa da Constituição. O governo foi separado em três poderes - executivo,
legislativo e judiciário – que se fiscalizavam evitando o abuso de poder. Ainda
a Constituição determinava direito a liberdade; igualdade jurídica; proteção a
propriedade privada; voto censitário etc. Entre 1787 e 1790, todas as antigas
Treze Colônias aderiram à União. O novo país recebeu o nome de Estados Unidos
da América. George Washington, foi eleito o primeiro presidente estadunidense,
em 1789.
O novo Estado
federal foi resultado de um acordo entre as elites rurais e urbanas, isto é,
entre os proprietários de terra, predominantes no sul, e os comerciantes, com
maior poder no norte. Os chamados “pais da pátria”, homens que lideraram
o processo de formação da República, pertenciam a esses grupos sociais. George
Washington era um fazendeiro da Virgínia, assim como Thomas Jefferson,
um dos principais autores da Constituição e terceiro presidente dos Estados
Unidos. John Adams, segundo presidente do país era um advogado de
Boston. Benjamin Flanklin, jornalista e cientista, era filho de um
comerciante de Boston. A democracia que eles ajudaram a fundar garantia
eleições para a maioria dos cargos de governo, além da liberdade religiosa e de
expressão. Contudo, os pobres, as mulheres e principalmente os negros e
indígenas ficaram de fora dos direitos constitucionais. O país que se orgulhava
de ser a pátria da liberdade mantinha a escravidão em grande parte dos Estados.
Os indígenas não tinham direitos e foram progressivamente expulsos de suas terras
a oeste dos estados federados. A liberdade era garantida basicamente aos
brancos descendentes dos europeus. Enfim, nos EUA tinha uma democracia
limitada.
Em suma, podemos chegar a algumas
conclusões. A Independência das Trezes Colônias do Norte foram de origem
burguesa em busca de liberdade econômica e política. A derrota inglesa e o
Tratado de Paris abalaram o expansionismo britânico. Os soldados franceses que
lutaram contra os ingleses na América, retornaram para seu país e discordaram
do regime absolutista, acontecendo assim a Revolução Americana. Os Estados
Unidos serviram como exemplo para os países americanos. Se atingiu alguns dos
princípios iluministas, como a soberania popular, a resistência à tirania, o
fim do pacto colonial. A independência foi negativa para as populações
indígenas, pois houve um aumento da expansão sobre seus territórios.
Atividade Final 1º Bimestre (5,0 pts)
I – Observe o ano e escreva o
Século ao lado: (1,0 pt)
a) 1697 - |
f) 1301 - |
b) 1540 - |
g) 1050 - |
c) 350 - |
h) 1000 - |
d) 1750 - |
i) 180 - |
e) 1900 - |
j) 10 - |
II – Com base na leitura dos textos
marque a alternativa correta.
1. As ideias iluministas começaram a circular no Brasil
na segunda metade do século XVIII. Elas refletiram-se em vários campos da
atividade e do conhecimento humano. Assinale, dentre as alternativas abaixo,
aquela que apresenta um filósofo deste período, cujo pensamento incentivou, de
forma relevante, a Inconfidência Mineira. (0,5 pt)
a) Jean
Jacques Rousseau
b) Adam
Smith
c) François
Quesnay
d) Vicent
de Gournay
e) Nicolau
Maquiavel
2. O Iluminismo foi um movimento intelectual que chegou ao auge no século
XVIII. Ele estabeleceu uma nova mentalidade que, com o passar do tempo,
alcançou grande parte da população europeia da época, especialmente a
burguesia. Marque a alternativa incorreta sobre as características do
Iluminismo. (0,5 pt)
a) Foi na França que o movimento
atingiu maior expressão, combatendo o Antigo Regime.
b) Os nobres eram, na visão dos
iluministas, aqueles que defendiam a organização de sociedades democráticas.
c) As ideias iluministas chegaram
ao continente americano, influenciando as lutas anticoloniais.
d) O Iluminismo defendia o
triunfo da razão sobre a ignorância e a superstição.
e) O Iluminismo defendia o
anticlericalismo.
3. A Revolução Francesa iniciou-se em 1789 e
estendeu-se até 1799, quando Napoleão Bonaparte assumiu o poder da França com o
Golpe de 18 de Brumário. Esse acontecimento foi influenciado pelos ideais do: (0,5 pt)
a) Romantismo
b) Iluminismo
c) Socialismo
d) Anarquismo
e) Niilismo
4. Grande parte dos acontecimentos e das grandes
decisões tomadas durante a Revolução Francesa foram realizados pelo povo, a
massa formada principalmente de camponeses. Além do povo, outra classe que teve
grande peso com o deflagrar da Revolução e sua condução foi: (0,5 pt)
a) a burguesia.
b) a nobreza.
c) o clero.
d) os vassalos.
e) nenhuma das respostas acima.
5. Leis britânicas acirraram as divergências entre
colonos americanos e a Coroa inglesa, provocando a luta pela independência.
Dentre os objetivos dessas leis, destacam-se: (0,5 pt)
a) aumentar a receita real,
impedir o contrabando e o comércio intercolonial e recuperar a Companhia das
Índias Orientais.
b) aumentar o consumo de chá e de
açúcar na colônia, obrigar o uso de selos nas correspondências e aumentar as
exportações da colônia.
c) abolir a escravidão nas
colônias, separar juridicamente as Treze Colônias e ajudar a Pensilvânia a
anexar terras no Oeste.
d) recuperar Companhia das Índias
Ocidentais, abrir o porto de Boston às nações amigas e aumentar as importações
da colônia.
e) pagar indenizações à França,
devido à derrota inglesa na Guerra dos Sete Anos, revogar os atos Townshend e
favorecer os produtores locais de açúcar.
6. Leia abaixo o trecho da Declaração de
Independência dos Estados Unidos. (1,0 pt)
“Nós, os representantes dos
Estados Unidos da América, reunidos em Congresso plenário, tomando o Juiz
supremo do mundo como testemunha da retidão de nossas intenções em nome e por
delegação do bom povo destas Colônias, afirmamos e declaramos solenemente:
Que estas Colônias Unidas são, e devem ser de direito, Estados Independentes,
que elas estão dispensadas de fidelidade à Coroa Britânica, e que todo o
vínculo político entre elas e o Estado da Grã-Bretanha está, e deve ser,
inteiramente desfeito.”
Declaração Unânime dos Treze
Estados Unidos da América. in: APTHEKER, Herbert. Uma nova história dos
Estados Unidos: A Revolução Americana. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1969.
Essa Declaração Unânime
representou a independência das colônias em relação à Coroa britânica e foi
redigida:
a) durante a Festa do Chá de
Boston, em 1773.
b) durante o Segundo Congresso
Continental de Filadélfia, em 1776.
c) durante o Primeiro Congresso
Continental de Filadélfia, em 1774.
d) após o Tratado de Versalhes,
que pôs fim à guerra de Independência, em 1783.
7. Observe a imagem abaixo: (0,5 pt)
Manifestação realizada nas vésperas da Independência dos EUA *
A imagem diz respeito à qual
evento que antecedeu e foi um dos impulsionadores do processo de Independência
dos Estados Unidos?
a) Guerra dos Sete Anos.
b) Manifestação contra a Lei do
Selo.
c) Revolta contra a Lei do Porto
de Boston.
d) Comemoração das Leis
Intoleráveis.
e) Festa do Chá de Boston.
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