segunda-feira, 20 de julho de 2020

2º BIMESTRE HISTÓRIA DE ÓBIDOS / 9º ANO

RELIGIOSIDADE OBIDENSE

 

HISTÓRICO DA FESTA DE SANT'ANA NO MUNICÍPIO DE ÓBIDOS (Texto 01)

 

“Pelos frutos conhecereis a árvore”, disse Jesus no Evangelho. Nós conhecemos a flor e o fruto suavíssimo vindo da velha planta: a Virgem Imaculada isenta do pecado de origem, desde o primeiro instante de sua concepção, por um privilégio único, para ser depois o tabernáculo vivo do Deus feito homem. Pela santidade do fruto, Maria, deduzimos a santidade dos pais, Ana e Joaquim. Que possamos depositar nossa confiança nestes que souberam educar de forma esplendorosa a mão do Salvador”.

Não sabemos exatamente quando foi realizada a primeira Festa de Sant'Ana, mas acreditamos que as primeiras festividades religiosas em sua homenagem, que constavam de terços, ladainhas, novenas, louvores e missas, tendo em seu término, no dia 26 de julho, a procissão, missa e leilão de oferendas no arraial.

Por meio de dados históricos, sabe-se que os padres Capuchos da Piedade, desde o ano de 1693, já desenvolviam sua obra junto aos índios Pauxis, todavia não foram encontrados nenhum relato desta época que faça menção à Senhora Sant'Ana, como protetora das missões existentes no Arapucú ou Trombetas.

Somente em 1758, quando Mendonça Furtado, eleva a Aldeia Pauxis à categoria de Vila, que a mesma recebe como protetora a Senhora Sant'Ana, não por escolha popular e sim por imposição. Ao pesquisar-se a época, não conseguimos relatos objetivos ou documentos oficiais que possam proporcionar uma abordagem mais profunda sobre as primeiras festividades de Sant'Ana, se sabe no entanto, que é a partir de tal acontecimento que tem início a devoção à Excelsa padroeira dos obidenses.


Como já mencionado, as primeiras manifestações de Sant'Ana começaram com os tríduos festivos, muito comuns na época. Somente a partir de 1926, que as celebrações tiveram mais brilhantismo, com a atuação das diretorias encarregadas, de forma mais dinâmica quando o Dr. Raimundo da Costa Lima, em cumprimento a uma graça alcançada passou a dirigi-la, nos anos 1931 e 1933. Porém, uma epidemia de malária enlutara a cidade. Com isto, Raimundo Costa Lima, que era o presidente das festividades de Sant'Ana faleceu, e, junto com ele, a maior parte de seus companheiros de festividade. Havia uma grande desorientação na cidade, não sabiam o rumo a ser tomado.

Aproximava-se o mês de julho, o povo ainda sem recursos, estava sofrido. Então, Frei Domingos convoca os jovens: Floriano Costa, Herdemiro Farias, Américo Pantoja, Arnelio Santos, José Resende Marinho e a sua esposa Luiza Seixas Marinho, que iniciaram o movimento para as celebrações religiosas da Festividade de Sant'Ana, sem contar com recursos financeiros, mas apenas a boa vontade e coragem dos festeiros.

A imagem é levada à residência do casal Seixas Marinho, onde o povo da Costa Fronteira se reunia  em reverência à Santa, depositando suas espórtulas e ofertas o dia todo, até chegar o 2º domingo de julho, quando retornava à sua igreja, trazida em um grande batelão, todo ornamentado de flores de taxizeiro, seguida de uma interminável procissão de canoas à remo. E assim realizou-se o 1º Círio Fluvial de Óbidos em 1953.

A partir de então, fixou-se o calendário festivo do 2º domingo de julho até o dia 26, data oficial em que a igreja celebra a Senhora Sant'Ana e seu esposo São Joaquim. Estes acontecimentos, de certa forma proporcionaram uma melhor organização, tanto no campo litúrgico quanto no social, pois, até   os nossos dias persiste esta forma de conduzir, montando uma diretoria para melhor organizar os preparativos necessários para a realização de uma das maiores festas religiosas do Baixo Amazonas.

 

Fonte: Adlin Irlande Tavares do Amaral. TCC: Alguns Ritos e Mitos na Festividade de Sant'Ana no Município de Óbidos. IESPES – BELÉM / 2009. Revista Guia Turístico / 1º Ed. / 2015.


CURANDEIROS E BENZEDEIRAS

(Texto 02)

O senhor Dutervir Barbosa Ribeiro (BERÓLIO) idade 81 anos, filho de Valdemar Pereira Ribeiro e Olendina Barbosa Ribeiro, natural da comunidade Igarapé Grande diz que nunca aprendeu a tratar de pessoas picadas de cobra, diz que nasceu com o dom, faz trabalhos de curador de picadas de cobras, benzedura, cura de erisipela, desmentidura, responso, faz garrafadas e que iniciou os trabalhos há mais de 32 anos.

Diz que a primeira pessoa a ser tratada foi sua esposa Dona Raimunda dos Santos Guimarães que foi picada de cobra conhecida como surucucu pico de jaca e estava em estado grave, com a perda roxa, vômitos.

Recebe pessoas de diversos municípios como: Alenquer, Curuá, Santarém, Juriti, Oriximiná, Faro e de outros Estados como Manaus, Roraima. Houve o caso de pessoa, um homem, um “velho” que diziam que ele não tem jeito, vamos já fazer o caixão. Mas o senhor Berólio disse: “não, põe ele aqui, agora vai, meti-lhe a porrada em cima, meti-lhe a porrada em cima” expressão relacionada ao tratamento intensivo com o uso de remédios caseiros, obtendo resultado satisfatório, uma

vez que com 4 dias o enfermo falou, passou um mês sob tratamento e teve restabelecida a saúde.

Em sua família não havia nenhum curador em sua árvore genealógica mesmo assim, diz que recebeu o Dom de Deus e que já procurou um Médium local para tentar entender a origem do dom e a resposta foi que “você tem um dom que Deus te deu” e que tem origem na tradição indígena.

O senhor Berólio diz que, atende um grande número de pessoas e nos citou uma referencia de 200 pessoas por ano, do sexo masculino e feminino, incluindo crianças.

Diz que as pessoas apresentam diversos sintomas como: perdem o sentido, a visão, ficam sem andar, aparência roxa da pele, inchaço do corpo, sangra pelos poros, olhos, ouvidos, boca, apresentam mau cheiro forte.

Cita que para conseguir com que uma pessoa que tenha sido picada de cobra, deve tomar “um dedo de fel de paca com um pouco de água” que é suficiente para chegar e encontrar um curador ou médico.

Além do mais, diz que, se uma pessoa foi picada e foi bem curada “não sente efeitos de outra picada, que a cobra fica com medo da pessoa”.

Diversos filhos também tem o mesmo Dom, são eles: Nilza (Atual Curadora no bairro), Heloisa, Cleonilde.

Existem outras pessoas que usaram ou usam os conhecimentos da tradição indígena no intuito de tratar diversos tipos de doenças, temos por exemplo: Chico Cobra, Mestre Pacífico, D. Irene.

Texto: Márcio Rubens

Revista Guia Turístico / 1º Ed. / 2015.

 

ENTREVISTA COM

ALMEZINDA BENTES GOMES  (Texto 03)

 

Almezinda Bentes Gomes trabalha há mais de seis anos cuidando de enfermos, mas disse ela que, não queria aceitar o Dom que recebeu de Deus, o que lhe causava muitos transtornos.

Em entrevista ela contou que sofria uma série de enfermidades e acontecimentos consigo que lhes tiravam a tranquilidade, dores pelo corpo todo, dor de cabeça forte, ataques, desmaios, ação de espíritos.

Conta que recebeu uma entidade pela primeira vez e que após isto foi desenvolvendo gradativamente suas atividades, sem estar muito disposta a isso, pois mesmo sendo procurada dizia que não atendia, nem trabalhava com cura, que quem trabalhava nesse assunto era sua irmã, mas que não se encontrava, o que, afirma, lhe causava muitos problemas.

Um dia em que estava com muita dor de cabeça apareceu uma pessoas que queria ser benzida, o que aconteceu, e surpreendeu o fato de que após esta ação ela, Almezinda, passou a não sentir mais dores, febre e todas as antigas enfermidades e atribulações foram se dizimando a partir do momento em que aceitou seu dom.

Hoje, atende, benze, trabalha na linha de cura de doenças, cura espinhela, encosto, reumatismo, gastrite, mãe de corpo, cita diversos casos em que pessoas enfermas tiveram a cura, das mais variadas doenças e até acidentes.

Usa água benta que vem da Igreja e os diversos tipos de ervas medicinais e cascas o que caracteriza a medicina tradicional ou remédio caseiro, sob a influência de Entidades como o Índio Sucupira; Índia Dona Jurema; João do Congo, da linha dos preto velho e Zé Raimundo e não esqueçamos de N. S. Aparecida, São Gabriel, São Miguel, São Rafael, N. S. do Perpétuo Socorro, N. S. da Batalha, Sagrado Coração de Jesus, Anjo da Guarda, São Jorge, Iemanjá.

Hoje, devido à grande quantidade de pessoas que a procuram, inclusive de universidades, percebe que seu trabalho tem sido muito difundido pelo Estado e até para outros também o que faz com que mais e mais pessoas estejam em busca de seus trabalhos de todos os lugares, em busca de cura, passe, paz.

Texto: Márcio Rubens

Revista Guia Turístico / 1º Ed. / 2015.

 

FOLIA DE SÃO BENEDITO OU “AI UÊH”

OU AINDA, MARAMBIRÉ  (Texto 04)

 

A Folia de São Benedito ou Marambiré que ocorre na Comunidade Silêncio foi introduzida na região por negros escravos trazidos da África no século XIX, passou por um longo período de inatividade devido à enfermidades que tomaram muitos dos seus membros, desarticulando-os.

Porém, nos idos de 1952 o Sr. Manoel Francisco dos Santos ao retornar à Óbidos, reorganizou e reestruturou a Folia em virtude de uma promessa que havia feito à São Benedito.

A Folia do Marambiré, como os cidadãos da comunidade gostam de chamá-lo passou a ser praticada todos os anos no mês de agosto na referida comunidade e tem como Santo de referência a São Benedito e traz consigo os elementos de resistência à opressão e a exploração sofrida pelos escravos durante o período colonial no Brasil.

O Marambiré tem como pontos chave de seu enredo, diversas toadas que animam o cortejo, bem como o uso de indumentária colorida, ao mesmo tempo em que possui como ponto de maior destaque o levantamento do mastro, espécie de árvore de comida, com muitas frutas. Esse mastro, de acordo com o ritual, deve ser derrubado ao final da festa para que o povo possa degustar o sabor das frutas que as compõem.

O mastro está diretamente relacionado à colheita com muita fartura, abundância, fertilidade da terra, que é o que se comemora em homenagem à São Benedito.

Fontes: Entrevistas com Sr. Manoel Francisco dos Santos e artigo “Ai uêh”, manifestação negra que se constitui como eixo de resistência à escravidão.

Autores: Jean Sávio da Silva Ricarte e

Luiz augusto de Jesus ferreira.

 Revista Guia Turístico / 1º Ed. / 2015.

 

 

A MARCHA PARA JESUS  (Texto 05)

 

É um evento internacional que ocorre anualmente em milhares de cidades do mundo. É um ato pacífico e consciente do mover de Deus na vida de todos os cristãos, onde o único motivo é adorar e engrandecer o nome de Jesus Cristo.

A primeira Marcha para Jesus aconteceu em 1987 na cidade de Londres na Inglaterra com a intenção de tirar a Igreja das quatro paredes e expandi-la para toda a sociedade. No início da década de 90 tornou-se um evento de proporção continental ocorrendo em toda Europa.

Em 1992 a Marcha para Jesus se tornava um movimento mundial de Louvor e Adoração a Deus chegando a outros países da América, África e Ásia, no ano de 1993 o Brasil realizava a primeira edição do evento.

A Marcha para jesus se expande pelo Brasil, centenas de cristãos vão para as ruas declarar o senhorio de Jesus Cristo, em 03 de outubro de 2009 o Presidente Luís Inácio Lula da Silva sanciona a Lei nº 3234 / 08 que institui o Dia Nacional da Marcha para Jesus de autoria do Senador Marcelo Crivella, para que seja comemorado, anualmente, no primeiro sábado subsequente aos sessenta dias após o domingo de Páscoa. (Art. 1º).

Nesse contexto, as Igrejas Evangélicas do Município de Óbidos, hoje Conselho de Pastores, se reuniram para elaborar este projeto, e enviaram para a Câmara Municipal para que se estudasse a possibilidade de o referido evento - MARCHA PARA JESUS – fazer parte do calendário social do Município, ficando assim as Igrejas evangélicas, amparadas pela Lei e tendo a oportunidade de viver este momento de comunhão entre irmãos de todas as denominações em um ato de expressão pública de fé, amor, agradecimento e exaltação de Jesus Cristo.

O projeto de Lei nº 003 / 2010, de 15 de abril de 2010 deu origem à Lei nº 3.813, de 12 de maio de 2010 que “Instituiu o Dia Municipal

da Marcha para Jesus no Município de Óbidos” (grifo nosso).

Os Pastores envolvidos no evento foram: Abraão de Almeida Ferreira, Ariston Magalhães Santos Júnior, Ary Franco Melo de Souza, Celinaldo de Abreu Maranhão, Dorenilson Ferreira da Silva, Expedito os Santos Amaral, Paulo Sérgio Batista dos Santos, Pedro Ferreira Santos, Raimundo do Socorro M. Malcher.

Texto cedido pelo Conselho de Pastores

Revista Guia Turístico / 1º Ed. / 2015.

 

ATIVIDADE 2º BIMESTRE (Vale 10,0pts)

1. Não se sabe ao certo quando tem início as festas em Homenagem à Senhora Sant’Ana. Mas, já eram realizados diversos eventos que tinham como da final o dia 26 de julhos. Cite quais eram esses eventos. (Vale 1,0pt)

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2. Sob qual circunstância se deu a definição de Senhora Sant’Ana como Padroeira dos Obidenses e em qual ano? (Vale 1,0pt)

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3. Sob qual circunstância foi realizado o primeiro Círio, em qual ano e quem foram as pessoas responsáveis por sua realização? (Vale 1,0pt)

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4. A Amazônia por ainda manter muita característica de ambiente selvagem, principalmente nas regiões de matas, ainda tem muitas espécies de animais que atacam as pessoas. Dentre diversas espécies ainda encontram muitas cobras que levam pessoas a ficarem doente. ficarem aleijadas e até virem à óbito. Além do mais ainda é muito comum as pessoas buscarem curandeiros, benzedeiras e até parteiras para tratar de doenças ou até mesmo ajuda em partos, caso das parteiras.

Assim, conta para nós se você já teve contato com algum desses profissionais ou pelo menos ouviu falar. Conta para nós alguma história que envolva parteiras, curandeiros ou benzedeiras. (Obs. Se você não souber de nenhuma história, seus pais, avós ou qualquer pessoa parente próximo ou amigo pode ajudar). (Vale 1,0pt)

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5. Quais personagens religiosos você identifica ou já ouviu falar e que constam no texto Entrevista com Almezinda Bentes Tavares? (Vale 1,0pt)

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6. O que é o Marambiré? (Vale 1,0pt)

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7. Como se deu a reestruturação do Marambiré na Comunidade Silêncio e qual é o Santo Homenageado? (Vale 1,0pt)

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8. Você já presenciou alguma vez alguma Festa de São Benedito ou Marambiré, ou festa de qualquer outro Santo que tenha em seu ritual o levantamento e/ou levantamento do mastro? Qual o significado do mastro na referida festa? (Os pais, amigos ou parentes podem ajudar na resposta). (Vale 1,0pt)

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9. O que é a Marcha para Jesus? (Vale 1,0pt)

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10. Quando e porque foi introduzida a Marcha para jesus no Município de Óbidos? (Vale 1,0pt)

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