quarta-feira, 31 de março de 2010

O LAZER EM ÓBIDOS

O que fazer em um final de semana em Óbidos? Sinceramente temos aí uma questão bastante complicada e simples, ao mesmo tempo, de responder. Mas, será necessário considerar um ponto fundamental, ter ou não ter, eis a questão.
Atualmente, tudo vai passar pela condição financeira, se tiver dinheiro suficiente você poderá ter acesso; caso contrário, bem tudo começa a ficar muito complicado.
Certo dia um sujeito italiano de nome Domênico Di Masi, um sociólogo, em uma entrevista pela TV Cultura – Belém, dizia: “O século XX foi o século de aviões, automóveis, apartamentos, viagens, iates, etc. Mas, o século XXI é o século da busca do bem estar social, do descanso, da busca de um banco de praça, da busca de poder sair descontraidamente pelas ruas das cidades, botecos, lojas, teatros, cinemas, shows, do direcionar-se ao encontro do lazer”.
Mas, esta é uma busca que se torna cada dia mais difícil, justamente pelo fato de que atualmente temos que viver, principalmente nas grandes cidades, restritos às nossas casas, que normalmente possuem grades em todos os vãos de acesso, o que nos diminui consideravelmente as possibilidades de ir e vir, afinal, vemos na TV, Jornais, Revistas e Rádios o caos que os grandes centros apresentam devido aos índices de criminalidade tão monstruosos que nos envolvem direta ou indiretamente. Quem na cidade grande nunca foi assaltado? Quem nunca foi constrangido por alguém tentando lhe aplicar um golpe? Quem nunca ficou temeroso de pegar um ônibus para determinado local e em certo horário em virtude de acontecimentos violentos que se deram no percurso do mesmo? Quem nunca viu o corre, corre de policiais ou mesmo de pessoas comuns gritando pega, pega, ladrão, ladrão? Casos raros de não se ver e de não acontecerem nas cidades populosas, mas, ainda assim, temos inúmeros espaços de fácil acesso para que possamos ter um domingo ou final de semana com descontração, informação e de prazer em relaxar.
Temos em Belém, a Praça da República, o Mangal das Garças, o Bosque Rodrigues Alves, o Museu Emílio Goeldi, Shows, Teatro, Rodas de Capoeira, Feira de Artesanato, Cinema, Icoarací, Outeiro, Mosqueiro, Vila do Conde, Palestras, Debates, um Passeio Turístico pelas águas do rio Guamá, Reggae, Rock, Voz e Violão, Brega, Carimbó, etc. E por aí vai, no entanto, por outro lado eu pergunto: como é possível percebermos que nos Grandes Centros urbanos, há variada opção de lazer, mas em Óbidos – que os índices de criminalidade são “baixos” se comparado aos das Capitais brasileiras, por exemplo – quais são nossas opções?
Bem aí está um ponto bom de debate, temos na verdade várias opções, o Lago Pauxis, a Serra da Escama, o Engenho, o Curuçambá, o Jeretepaua, a Praia, Restaurantes, Botecos, Museu, Forte Pauxis, Museu Contextual, etc, etc.
Na verdade temos várias opções realmente, infelizmente não tão acessíveis assim, vejamos:
O Lago Pauxis, devido ao grande número de moradias em seu entorno, nos remete á idéia de que se pode achar um alto índice de cloriformes fecais em suas águas, na época da cheia do rio, o que de certa forma inviabiliza seu aproveitamento para o banho, já no verão tem-se uma boa opção para trilha ecológica, subindo-se a Serra.
A Serra da Escama não apresenta um processo de limpeza sistemática das ruínas da Defesa Gurjão, o que permite o encontro com seres, detritos e objetos indesejáveis no local.
O Engenho é uma ótima opção de lazer mas se estiver disposto a encarar um verdadeiro enduro, já que as ruas de acesso estão ao mesmo tempo intrafegáveis até mesmo para motos e além disso temos ainda alguns galerosos, mas eles não perturbam ninguém, espera-se, pois não se encontra nenhum efetivo policial no local ou entorno que possa dar certa idéia de proteção para os interessados ou aventureiros que se permitem ir até ao local.
O Curuçambá, para chegar tem-se que contar com alguma condução própria ou então particular, mas que normalmente tem seu preço elevado, já que ainda não existe este serviço nos padrões mais econômicos e de acesso ao povo em geral.
O Jeretepaua é propriedade privada, tem que fazer parte da “turma” para que role.
A Praia está sem condições, excesso de água na época da cheia e no verão até que é uma opção mas deve-se conviver com restos de peixe, cacos de vidro e se não bastasse ainda temos que contar com a falta de segurança.
Restaurantes e Botecos, apresentam o trivial, se ainda houver, normalmente os pratos, peixe por exemplo, já acabou, suco não tem e sim coca original, mas todos os refrigerantes não são originais? Que eu saiba são, apenas não são da mesma fábrica e cada uma delas tem a fórmula que determina o sabor de seus produtos. Normalmente tem muito “gato surrado”, Pirassununga 51.
O Forte Pauxis foi tomado por uma guarnição da PM, que se você tiver permissão e não se sentir incomodado poderá visitá-lo.
No que diz respeito aos Museus, temos dois: o Integrado que nos feriados e finais de semana quando temos tempo para visitá-lo e levar as crianças, pois nestes dias e horários não estamos trabalhando, está fechado.
Até mesmo as praças, que há muito tempo precisam de melhor cuidado, olhemos a praça de Santa Terezinha por exemplo, há bastante tempo precisa de mais “verde”, outras deixaram de ser acessíveis às crianças e aos adultos pois “estão em obras” paradas há muito tempo, que o digam os taxistas, ciclistas, etc.
Já o Museu Contextual ou Museu de Rua, quase não dá mais para ler as Placas (painéis que contém informações historiográficas e arquitetônicas dos locais) pois estão amareladas pelo sol e ainda assim temos certos empecilhos, já que quando podemos encontrá-las, pois a maioria já foi destruída ou foi recolhida para o interior dos prédios, estão em péssimas condições e neste sentido dá para vermos realmente que na situação em que se encontram, temos a descaracterização por completo do projeto original.
Assim, o lazer em Óbidos apresenta certas deficiências que a meu ver são simples de serem resolvidas, quero que fique claro que minha exposição não é uma visão pessimista da situação do município, quero apenas mostrar que temos problemas sérios que envolvem a estrutura de lazer e mesmo assim digo que os mesmos têm solução, basta apenas um pouco de boa vontade, respeito à população e projetos bem definidos postos em prática, creio que fazendo certas melhorias na infra-estrutura do lazer poderíamos ter mudanças significativas na qualidade de vida da população, na geração de alguns bons empregos, no aumento da renda de vários indivíduos e de quebra melhoraria em muito a auto-estima da sociedade de maneira geral e da juventude em particular.
Quem sabe pensando dessa forma, poderíamos ter muito mais opções de diversão que contribuem para ocupar as mentes de muitos jovens e assim poderíamos contemplar a diminuição dos índices de repetência escolar, vandalismo, banditismo, desrespeito ao ambiente público, desrespeito ao cidadão, aos idosos etc, etc,etc e tal.
Então, se Domênico Di Masi afirma que o século XXI é o século do bem estar social, ainda falta muito para chegarmos no século XXI imagine só quanto falta para chegarmos no bem estar social.

Márcio Rubens
Historiador
Óbidos, 31 de março de 2010

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