terça-feira, 30 de março de 2010

Evasão Escolar em Óbidos

Este texto de autoria da Professora Raimunda Aragão discute os motivos da Evasão Escolar nomunicípio de Óbidos.
ESCOLA MUNICIPAL SÃO FRANCISCO
Prof. Márcio Rubens
DISCIPLINA: HISTÓRIA DE ÓBIDOS
TEXTO ESTRAÍDO DO TCC DA PROFESSORA RAIMUNDA ARAGÃO

A EVASÃO ESCOLAR: FRACASSO OU DESAFIO?
A educação constitui um processo contínuo na vida do homem. Ela apresenta-se como condição necessária para o aperfeiçoamento do sujeito no exercício de sua cidadania. Por esse motivo, a educação é direito de todos devendo existir igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. Esse fato é contemplado na Constituição Federal no Art. 206, I e na Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional(LDB) de n.º 9.394/96, no Art. 3º, I que afirma: “ Igualdade de condições para acesso e permanência.”. Na escola muitas pessoas, menos esclarecidas não conseguem usufruir desses direitos e atingir seus objetivos.
A escola como instituição educacional deve interagir com a realidade social de seus alunos valorizando-os enquanto seres ativos/participativos, capazes de construírem seus próprios conhecimentos.
O discurso do governo prima por uma educação de qualidade que garanta aprendizagem essencial a todos, para a formação de um cidadão capaz de atuar com competência e responsabilidade na sociedade que está inserido.
Assim o Ensino Fundamental deve ser de acesso a todos, com está contemplado na LDB, no seu cap. III, art. 4º, I: “Ensino Fundamental obrigatório e gratuito, inclusive para os que não tiveram acesso na idade própria”, em consonância com a Constituição Federal, confirmado por esta colocação de Souza & Silva (1993, p.11): “ se o ensino fundamental é obrigatório e universal há de insistir nessa igualdade de acesso e permanência, a fim de que eventuais diferenças de natureza sócio-econômica não venham a privilegiar uns em detrimento de outros”.
Diante dessas colocações, não é suficiente a escola oferecer vagas a todos que estão na faixa etária entre 07 e 14 anos, na série inicial no Ensino Fundamental. Faz-se necessária fazer a universalização do ensino e assegurar a permanência do aluno em todos os graus de ensino, como também proporcionar ensino de qualidade, para evitar a exclusão do aluno na escola e na sociedade.
A exclusão da criança da escola na idade própria seja por falta de esclarecimento da família e omissão da sociedade, é a forma mais perversa de exclusão social, pois nega ao indivíduo o direito de exercer sua cidadania, contribuindo-o para que esse aluno fique a margem da sociedade sem perspectiva de futuro.
Sabemos que o fracasso dos alunos na escola é um problema que sempre fez parte da realidade do ensino público em nosso país. São vários os fatores que levam ao fracasso escolar, fatores sócio-político-econômicos, fatores pedagógicos que influenciam diretamente na qualidade da escolaridade deste aluno.
Apesar do esforço do governo, ainda é muito grande o número de alunos evadidos. Nesse sentido, o que seria necessário para assegurar a permanência do educando na escola? Para Paulo Freire: “A criança de classe pobre não evade da escola , mas são expulsas dela; já que a escola brasileira não oferece condições necessárias para que as crianças ali permaneçam e façam o percurso a que tem direito”( A revista do professor- Nova Escola/out. 2001, p. 22).
Hoje, em função do que está acontecendo no Brasil e no mundo, notamos que surgem em nossa sociedade, o impacto da violência urbana nas taxas de evasão que de uma certa forma pode atrapalhar a universalização do acesso à escola, no entanto, podem ser poucos os alunos que abandonam a escola por causa da violência, mas isto não quer dizer que a situação seja menos grave. Um aluno que não frequenta a escola é um forte candidato a trocar os bancos escolares pelas armas do tráfico.
Cada aluno que deixa de estudar para ficar na rua e, consequentemente virar bandido, é uma derrota dupla da escola e da sociedade. É preciso uma política eficiente e urgente para que esse aluno possa sentir-se estimulado a voltar para a escola.
A realidade sócio-econômica da sociedade é um dos fatores responsáveis pelo fracasso escolar, sendo que os poucos que chegam a escola não conseguem permanecer nela durante muito tempo, pela necessidade de sobrevivência, de terem que sair de suas casas para trabalhar cedo de mais, com a responsabilidade de ajudar a família, pois essas crianças vivem tendo que optar entre estudar e trabalhar e acabam largando a escola e optando pelo trabalho.
Diante dos conflitos sociais e econômicos por que passa a sociedade, em função dos aspectos excludentes da globalização, foi necessária a criação do Bolsa-Escola para que pudesse amenizar este conflito, sendo que as famílias menos favorecidas recebem um determinado valor em que geralmente é menor que um salário mínimo, para manter seus filhos na escola, objetivando a diminuição do fracasso escolar que acontece por expulsão.
Com isso, se desencadeia vários problemas em torno de um índice de evasão e repetência assustador todos os anos. Muitos dos alunos estão cansados e fracassados, pois a escola para eles não é atrativa e acabam por desistir.
Ir para a escola não tem significado algum para esses alunos Essa desmotivação fica ainda maior, quando na própria escola o aluno passa por momentos desagradáveis e monótonos, onde entusiasmo e alegria não fazem parte da aprendizagem do aprender a aprender.
Seguindo este contexto existe a questão da culpa do fracasso ser do próprio aluno (pobre), com os argumentos de que os professores vêem o fracasso escolar como fator psicológico, colocando toda culpa no aluno, como consequência de um problema individual que é próprio daquele que fracassa.
Os professores às vezes, por falta de um conhecimento mais aprofundado sobre o assunto e, por alguns não saberem identificar as causas que levam à este fracasso, alegam que o aluno não consegue aprender porque está cheio de problemas de ordem afetivo-emocional, e geralmente têm uma família desestruturada, ou é distraído(a), a memória é curta, há falta de concentração, não entende que professor(a) diz e ainda fala errado.
O professor é visto como um ser superior aos alunos, e que este, por sua vez, não sabem nada e o professor é quem sabe tudo. Eles não entendem que o professor não possui a verdade absoluta e que ao contrário do que eles pensam, o professor pode também aprender com eles. Alguns alunos têm medo do professor e, tentam se defender, isolando-se no seu mundo, ou se tornando agressivos. Galvão vem reforçar o que foi enfatizado:
“O professor que atua na escola, autoritário, não é aberto para o diálogo, confuso e inseguro, considerando-se o representante da verdade científica, detém os meios coletivos de expressão e o poder decisório quanto a metodologia, conteúdo, avaliação, forma de interação na sala de aula. Acredita-se que sua competência está na informação e condução de seus alunos em direção aos objetivos pré-determinados. Donos do saber, o professor deixa uma distância enorme entre ele e o aprendente. Não é dada a oportunidade deste se manifestar. O professor que tudo sabe, “despeja” seu saber no aluno, que deverá estar sempre correndo atrás do conhecimento e do professor. Se distanciando do aprendente, impede que o aluno se manifeste, impedirá que situações difíceis e desagradáveis surjam. É muito mais fácil não permitir que contratempo aconteça do que ter de contorná-lo”. (1999, p. 40).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leia as regras:
Todos os comentários são lidos e moderados previamente.
São publicados aqueles que respeitam as regras abaixo.

- Seu comentário precisa ter relação com o assunto do post;
- Em hipótese alguma faça propaganda de outros blogs ou sites;
- Não inclua links desnecessários no conteúdo do seu comentário;
- Se quiser deixar sua URL, comente usando a opção Open ID;

OBS: comentários dos leitores não refletem as opiniões do blog.