Este texto de autoria da Professora Raimunda Aragão discute os motivos da Evasão Escolar nomunicípio de Óbidos.
ESCOLA MUNICIPAL SÃO FRANCISCO
Prof. Márcio Rubens
DISCIPLINA: HISTÓRIA DE ÓBIDOS
TEXTO ESTRAÍDO DO TCC DA PROFESSORA RAIMUNDA ARAGÃO
A EVASÃO ESCOLAR: FRACASSO OU DESAFIO?
A educação constitui um processo contínuo na vida do homem. Ela apresenta-se como condição necessária para o aperfeiçoamento do sujeito no exercício de sua cidadania. Por esse motivo, a educação é direito de todos devendo existir igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. Esse fato é contemplado na Constituição Federal no Art. 206, I e na Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional(LDB) de n.º 9.394/96, no Art. 3º, I que afirma: “ Igualdade de condições para acesso e permanência.”. Na escola muitas pessoas, menos esclarecidas não conseguem usufruir desses direitos e atingir seus objetivos.
A escola como instituição educacional deve interagir com a realidade social de seus alunos valorizando-os enquanto seres ativos/participativos, capazes de construírem seus próprios conhecimentos.
O discurso do governo prima por uma educação de qualidade que garanta aprendizagem essencial a todos, para a formação de um cidadão capaz de atuar com competência e responsabilidade na sociedade que está inserido.
Assim o Ensino Fundamental deve ser de acesso a todos, com está contemplado na LDB, no seu cap. III, art. 4º, I: “Ensino Fundamental obrigatório e gratuito, inclusive para os que não tiveram acesso na idade própria”, em consonância com a Constituição Federal, confirmado por esta colocação de Souza & Silva (1993, p.11): “ se o ensino fundamental é obrigatório e universal há de insistir nessa igualdade de acesso e permanência, a fim de que eventuais diferenças de natureza sócio-econômica não venham a privilegiar uns em detrimento de outros”.
Diante dessas colocações, não é suficiente a escola oferecer vagas a todos que estão na faixa etária entre 07 e 14 anos, na série inicial no Ensino Fundamental. Faz-se necessária fazer a universalização do ensino e assegurar a permanência do aluno em todos os graus de ensino, como também proporcionar ensino de qualidade, para evitar a exclusão do aluno na escola e na sociedade.
A exclusão da criança da escola na idade própria seja por falta de esclarecimento da família e omissão da sociedade, é a forma mais perversa de exclusão social, pois nega ao indivíduo o direito de exercer sua cidadania, contribuindo-o para que esse aluno fique a margem da sociedade sem perspectiva de futuro.
Sabemos que o fracasso dos alunos na escola é um problema que sempre fez parte da realidade do ensino público em nosso país. São vários os fatores que levam ao fracasso escolar, fatores sócio-político-econômicos, fatores pedagógicos que influenciam diretamente na qualidade da escolaridade deste aluno.
Apesar do esforço do governo, ainda é muito grande o número de alunos evadidos. Nesse sentido, o que seria necessário para assegurar a permanência do educando na escola? Para Paulo Freire: “A criança de classe pobre não evade da escola , mas são expulsas dela; já que a escola brasileira não oferece condições necessárias para que as crianças ali permaneçam e façam o percurso a que tem direito”( A revista do professor- Nova Escola/out. 2001, p. 22).
Hoje, em função do que está acontecendo no Brasil e no mundo, notamos que surgem em nossa sociedade, o impacto da violência urbana nas taxas de evasão que de uma certa forma pode atrapalhar a universalização do acesso à escola, no entanto, podem ser poucos os alunos que abandonam a escola por causa da violência, mas isto não quer dizer que a situação seja menos grave. Um aluno que não frequenta a escola é um forte candidato a trocar os bancos escolares pelas armas do tráfico.
Cada aluno que deixa de estudar para ficar na rua e, consequentemente virar bandido, é uma derrota dupla da escola e da sociedade. É preciso uma política eficiente e urgente para que esse aluno possa sentir-se estimulado a voltar para a escola.
A realidade sócio-econômica da sociedade é um dos fatores responsáveis pelo fracasso escolar, sendo que os poucos que chegam a escola não conseguem permanecer nela durante muito tempo, pela necessidade de sobrevivência, de terem que sair de suas casas para trabalhar cedo de mais, com a responsabilidade de ajudar a família, pois essas crianças vivem tendo que optar entre estudar e trabalhar e acabam largando a escola e optando pelo trabalho.
Diante dos conflitos sociais e econômicos por que passa a sociedade, em função dos aspectos excludentes da globalização, foi necessária a criação do Bolsa-Escola para que pudesse amenizar este conflito, sendo que as famílias menos favorecidas recebem um determinado valor em que geralmente é menor que um salário mínimo, para manter seus filhos na escola, objetivando a diminuição do fracasso escolar que acontece por expulsão.
Com isso, se desencadeia vários problemas em torno de um índice de evasão e repetência assustador todos os anos. Muitos dos alunos estão cansados e fracassados, pois a escola para eles não é atrativa e acabam por desistir.
Ir para a escola não tem significado algum para esses alunos Essa desmotivação fica ainda maior, quando na própria escola o aluno passa por momentos desagradáveis e monótonos, onde entusiasmo e alegria não fazem parte da aprendizagem do aprender a aprender.
Seguindo este contexto existe a questão da culpa do fracasso ser do próprio aluno (pobre), com os argumentos de que os professores vêem o fracasso escolar como fator psicológico, colocando toda culpa no aluno, como consequência de um problema individual que é próprio daquele que fracassa.
Os professores às vezes, por falta de um conhecimento mais aprofundado sobre o assunto e, por alguns não saberem identificar as causas que levam à este fracasso, alegam que o aluno não consegue aprender porque está cheio de problemas de ordem afetivo-emocional, e geralmente têm uma família desestruturada, ou é distraído(a), a memória é curta, há falta de concentração, não entende que professor(a) diz e ainda fala errado.
O professor é visto como um ser superior aos alunos, e que este, por sua vez, não sabem nada e o professor é quem sabe tudo. Eles não entendem que o professor não possui a verdade absoluta e que ao contrário do que eles pensam, o professor pode também aprender com eles. Alguns alunos têm medo do professor e, tentam se defender, isolando-se no seu mundo, ou se tornando agressivos. Galvão vem reforçar o que foi enfatizado:
“O professor que atua na escola, autoritário, não é aberto para o diálogo, confuso e inseguro, considerando-se o representante da verdade científica, detém os meios coletivos de expressão e o poder decisório quanto a metodologia, conteúdo, avaliação, forma de interação na sala de aula. Acredita-se que sua competência está na informação e condução de seus alunos em direção aos objetivos pré-determinados. Donos do saber, o professor deixa uma distância enorme entre ele e o aprendente. Não é dada a oportunidade deste se manifestar. O professor que tudo sabe, “despeja” seu saber no aluno, que deverá estar sempre correndo atrás do conhecimento e do professor. Se distanciando do aprendente, impede que o aluno se manifeste, impedirá que situações difíceis e desagradáveis surjam. É muito mais fácil não permitir que contratempo aconteça do que ter de contorná-lo”. (1999, p. 40).
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